Um discreto contador de histórias
A política e o jornal faziam parte da vida de Francisco Mesquita, revolucionário democrata, conspirador contra regimes autoritários, organizador de partidos doutrinariamente preocupados com o desenvolvimento econômico. O cotidiano do homem discreto e calmo era ocupado com intensidade pela dedicação ao trabalho na condução empresarial do Estado. Assim eram os dias – mas um pouco menos aos sábados e durante as férias.
Nos fins de semana, Dr. Chiquinho e Dona Alicinha recebiam em casa os oito netos. No verão e eventualmente nos feriados prolongados, a família, as crianças principalmente, se deslocava para a fazenda São José do Palmital, em Pratânia, a 270 km de São Paulo. Ali, lembra o neto Francisco, atual diretor-presidente do jornal, o avô plantava café, “uma paixão” que implicava a participação voluntária na pesquisa de variedades testadas nos viveiros da propriedade por especialistas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP. Na fazenda, a agenda pesada do gestor do jornal cedia espaço para o avô que contava histórias de caçadas cheias de aventura – e nas quais o personagem do caçador era sempre o neto. Pela manhã, Dr. Chiquinho vestia um paletó de linho e saía a cavalo para percorrer a lavoura. À tarde, reunia a família em um novo passeio a cavalo. A noite era dedicada à leitura. Atualmente, a fazenda São José do Palmital produz cana e eucaliptos. “Meu avô fazia do jornal seu estilo de vida”, destaca o neto Roberto Crissiuma Mesquita, presidente do Conselho de Administração do Grupo Estado. “O assunto nos almoços da família era o Estadão e o País”, recorda. Dr. Chiquinho Mesquita pretendia em tempo integral “um Brasil moderno, livre e independente”, acrescenta Francisco Mesquita Neto.