ESCOLTA PARA SOBREVIVENTE DO HOLOCAUSTO
Após ameaças racistas, polícia italiana acompanha senadora Liliana Segre, de 89 anos
Asobrevivente do Holocausto Liliana Segre, senadora de 89 anos, foi posta sob proteção da polícia italiana após receber ameaças de fanáticos de extrema direita. No mês passado, Segre pediu a criação de uma comissão parlamentar para investigar manifestações de ódio, racismo e antissemitismo, após ter sido vítima de ataques nas redes sociais. Partidos de direita não apoiaram sua proposta e a controvérsia aumentou as ameaças, com um grupo neonazista expondo um cartaz para denunciar o antifascismo perto de onde ela fazia uma aparição pública.
Segre não quis comentar a proteção policial. Uma fonte da segurança disse que a polícia apenas a estava acompanhando em eventos públicos e não havia proteção em tempo integral.
Segre foi deportada da Itália para Auschwitz em 1944, quando tinha 13 anos – uma das 776 crianças e adolescentes italianos enviados para campos de concentração nazistas. Nos últimos anos, ela tem visitado escolas para falar sobre os horrores do Holocausto. Em 2018, foi nomeada senadora vitalícia.
O embaixador de Israel na Itália, Dror Eydar, manifestou desconforto com a notícia de que Segre estava sob proteção policial. “Uma sobrevivente do Holocausto de 89 anos precisar de proteção da polícia simboliza o perigo que as comunidades judaicas ainda enfrentam na Europa”, escreveu Eydar no Twitter. Ministros italianos manifestaram solidariedade a Segre. “Perdoe-nos, Liliana. A política de ódio não deterá sua luta, nem a nossa”, disse a ministra da Agricultura, Teresa Bellanova.
O Centro Judaico de Documentação Contemporânea (CDEC) disse que o antissemitismo parece estar aumentando na Itália, mas ainda é menos acentuado que na França e no Reino Unido. Stefano Gatti, pesquisador do CDEC, informou que, até o início do mês, foram reportados na Itália 190 casos de antissemitismo. Ele acrescentou que, segundo pesquisas, 11% dos italianos são hostis aos judeus ou têm preconceito contra eles.