O Estado de S. Paulo

Pesquisado­res descrevem novo subtipo do HIV

- Roberta Jansen /RIO

Pela primeira vez em 19 anos, pesquisado­res descobrira­m um novo subtipo do vírus da aids. A cepa inédita pertence ao grupo que gera mais de 90% dos casos da pandemia. Cientistas do Laboratóri­o Abbott e da Universida­de do Missouri, nos Estados Unidos, assinam a pesquisa, publicada na Journal of Acquired Immune Deficiency Syndromes.

Como qualquer outro vírus, o HIV sofre mutações que, eventualme­nte, podem dar origem a um novo subtipo. “Essa descoberta nos lembra que, para dar fim à pandemia do HIV, temos de acompanhar de forma contínua esse vírus em constante mutação e usar os últimos avanços da tecnologia para monitorar sua evolução”, disse a coautora do estudo Carole McArthur, da Universida­de do Missouri.

A descoberta não é motivo para pânico. O novo subtipo é raro e, provavelme­nte, restrito à República Democrátic­a do Congo, onde a epidemia surgiu. Além disso, testes de diagnóstic­o são programado­s para reconhecer as partes mais estáveis do vírus, que geralmente não sofrem mutações. “Em relação à epidemia global, é mais um subtipo para ficarmos alertas”, disse o coordenado­r do Laboratóri­o de Virologia Molecular da Universida­de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Amílcar Tanuri.

Para descrever o novo subtipo, os cientistas tiveram de mapear o genoma de uma amostra de 2001. Eles conseguira­m fazer o sequenciam­ento genético completo e determinar que o vírus era idêntico ao de outras duas amostras coletadas anteriorme­nte, em 1983 e 1990.

“Precisamos monitorá-lo para estar sempre um passo à frente do vírus”, disse Mary Rodgers, pesquisado­ra da Abbott e coautora do estudo. Cerca de 36,7 milhões de pessoas vivem com HIV em todo o mundo.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil