O Estado de S. Paulo

Veto a filiação partidária de servidores deve ser ampliado

Medida pode ser incluída na proposta de reforma administra­tiva que deve chegar ao Congresso na próxima semana

- A.F e I.T.

O governo pretende propor a ampliação do número de carreiras cujos servidores ficarão impedidos de se filiar a partido político, segundo apurou o Estadão/Broadcast. A medida deve ser incluída na reforma administra­tiva, prevista para chegar ao Congresso na próxima terça-feira.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, antecipou na terçafeira que a proposta vai impedir que servidores públicos com militância partidária ganhem estabilida­de no emprego. “( Se) Tem filiação partidária não é servidor, é militante. Pode ser militante, mas não pode ter estabilida­de”, disse durante a apresentaç­ão da primeira fase das reformas.

Após a declaração de Guedes, a medida foi questionad­a nas redes sociais. O governo, porém, tem uma espécie de “vacina” e argumentar­á que carreiras como juízes e procurador­es já são hoje impedidas de se filiar a partidos.

A ideia é criar uma “nova figura” na estrutura administra­tiva para enquadrar algumas carreiras que também ficarão impossibil­itadas de manter atividade partidária. Uma possibilid­ade é que as carreiras de Estado, que incluem auditores fiscais, sejam os atingidos por essa medida.

A avaliação na área econômica é de que, assim como uma filiação partidária de um juiz ou procurador poderia causar conflito de interesse, esse mesmo dilema poderia ocorrer em outras carreiras.

Com os focos de resistênci­a se ampliando nos últimos dias contra a reforma administra­tiva, a equipe econômica já está se preparando para a batalha da comunicaçã­o. O grupo envolvido na formulação da proposta se reuniu com os integrante­s da Secretaria Especial de Previdênci­a e Trabalho para “aprender” com a experiênci­a da reforma da Previdênci­a, também muito combatida pelos servidores.

A avaliação na área econômica é de que a batalha para aprovar a reforma administra­tiva (com corte de benefícios que não são encontrado­s na iniciativa privada) vai ser grande, mas, assim como na Previdênci­a, o apoio popular pelo fim dos privilégio­s será fator decisivo.

A equipe econômica também tem conversado com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre a melhor maneira de apresentar a proposta. Chegou a cogitar aproveitar a Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC) 85, que acaba com aposentado­ria vitalícia de governador­es, para acelerar a tramitação – o texto já teve a admissibil­idade aprovada na Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) da Casa. No entanto, Maia aconselhou o governo a mandar seu próprio texto. /

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GABRIELA BILO/ ESTADÃO Militante. Declaração de Guedes foi questionad­a nas redes

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