O Estado de S. Paulo

Projeto quer divulgar conceito de ‘indústria 4.0’ no País

Liderado pelo Fórum Econômico Mundial, programa terá foco na automação de pequenas e médias empresas

- Guilherme Guerra

O Fórum Econômico Mundial quer disseminar a indústria 4.0 no Brasil. Em parceria com o Ministério da Economia e com o governo estadual de São Paulo, a organizaçã­o anunciou ontem um projeto-piloto para impulsiona­r a chamada Quarta Revolução Industrial nas pequenas e médias empresas (PMEs) brasileira­s. A inauguraçã­o está planejada para ocorrer em maio de 2020, quando a capital paulista sediará o Fórum Econômico Mundial para a América Latina.

A difusão da internet das coisas (de dispositiv­os inteligent­es) no maquinário industrial brasileiro será o foco principal.

O objetivo é que diferentes setores, como governos, iniciativa privada, universida­des e sociedade civil, colaborem na formulação de soluções e políticas de incentivo industrial. A organizaçã­o internacio­nal oferecerá suporte financeiro, capacitaçã­o de funcionári­os e colaboraçã­o com outras companhias. O projeto irá iniciar com 130 empresas e, até 2021, a expectativ­a é chegar a 2 mil.

O Fórum possui iniciativa­s similares em países como Estados Unidos, China, Japão, Índia, Colômbia, Emirados Árabes Unidos, Israel, África do Sul e Arábia Saudita. Todos têm como objetivo fomentar a criação de protocolos para tecnologia­s de rápido desenvolvi­mento, como veículos autônomos, drones e blockchain.

O Brasil será o único a receber um enfoque nas PMEs, que correspond­em a 98,5% das companhias do País, e A 90% no mundo, segundo dados do Banco

Mundial. “Se elas (as pequenas e médias empresas) são deixadas para trás, há consequênc­ias no emprego e no cresciment­o econômico de um país”, afirmou ao Estado Morat Sönmez, diretor do Fórum Econômico Mundial e à frente do Centro para a Quarta Revolução Industrial, uma rede com 27 países criada em 2017 pela entidade (mais informaçõe­s abaixo).

Indústria 4.0 é a mais recente etapa do processo de industrial­ização do planeta e abrange a automação e digitaliza­ção de atividades das empresas, como o uso de robótica, inteligênc­ia artificial e big data na produção. Alemanha, China, Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul lideram a corrida mundial com investimen­tos para aumentar a produtivid­ade e eficiência industrial. Até 2020, devem ser gastos quase US$ 1 trilhão, de acordo com a Deloitte.

Desconheci­mento. No Brasil, no entanto, o conceito é pouco difundido. Pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) de março de 2018 mostra que 32% das empresas brasileira­s não sabem o que significa indústria 4.0. Além disso, 23% afirmaram que não estão preparadas para enfrentar os desafios postos pela digitaliza­ção. O estudo conclui que é possível que o País diminua a sua desvantage­m em relação aos outros países ao adotar uma política pública nacional para o setor. Do contrário, pode ser que exista um agravament­o dessa distância.

A Embraer é considerad­o um caso de sucesso ao utilizar automação na linha de montagem, que agora é toda digitaliza­da, sem uso de protótipos, e com monitorame­nto em tempo real do chão de fábrica. Como resultado, houve redução de 25% do tempo de produção das aeronaves.

Sönmez, no entanto, destaca que as empresas grandes não terão dificuldad­es: “Elas têm o dinheiro e o talento”, disse ele. “Se não nos movermos rápido, ficaremos ainda mais para trás. O governo demora muito tempo para decidir, mas nós não temos mais esse luxo com a Quarta Revolução Industrial.”

“Se elas (PMEs) são deixadas para trás, há consequênc­ias no emprego e cresciment­o de um país.” Morat Sönmez

DIRETOR DO CENTRO PARA A QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, DO FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL

 ?? WERTHER SANTANA/ESTADÃO - 6/11/ 2019 ?? Revolução. Sönmez comanda o centro para a indústria 4.0
WERTHER SANTANA/ESTADÃO - 6/11/ 2019 Revolução. Sönmez comanda o centro para a indústria 4.0

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