O Estado de S. Paulo

Tramitação de pacote pode ser mais difícil do que o previsto pelo governo

Obstáculos. Senador José Serra (PSDB-SP) protocola requerimen­to no Senado para que a equipe econômica abra os dados que embasaram elaboração das PECs do pacote; se pedido for aprovado, votação fica suspensa até que informaçõe­s sejam apresentad­as

- Adriana Fernandes / BRASÍLIA DANIEL WETERMAN / COLABOROU

Apesar do discurso de otimismo do governo, a tramitação das propostas encaminhad­as nesta semana ao Congresso poderá ser mais difícil do que o previsto. Requerimen­to apresentad­o no Senado pede que o ministro da Economia, Paulo Guedes, abra todos os dados que embasaram a elaboração das três propostas de emenda à Constituiç­ão (PECs) do pacote. O pedido precisa ser aprovado pela mesa diretora do Senado. Depois desse aval, enquanto os dados não forem apresentad­os pelo governo, a votação das PECs fica suspensa na Casa.

O requerimen­to foi protocolad­o pelo senador José Serra (PSDB-SP), que solicitou informaçõe­s detalhadas sobre itens como a economia esperada com as propostas. Ele também quer saber a previsão do governo para acionar os “gatilhos” de ajuste para o cumpriment­o da chamada regra de ouro – que impede que o governo se endivide em patamar superior ao que investe.

O pacote representa a mais ambiciosa aposta do governo para tentar resolver os problemas das contas públicas do País. Entre outros pontos, prevê aumento da autonomia orçamentár­ia de Estados e municípios e fim de despesas obrigatóri­as.

O pedido soma-se às resistênci­as de senadores à pressa do governo, que apostava na aprovação de parte das medidas ainda neste ano. Anteontem, a presidente da Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), disse que o governo teria de escolher entre aprovar neste ano com alterações a PEC emergencia­l (uma das três do pacote) ou deixar para 2020 insistindo no conteúdo proposto pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. “O Senado não tem pressa”, disse ela.

Ao Estado, Serra afirmou que é preciso entender o que o governo pretende fazer na política fiscal para dar maior transparên­cia ao debate público do pacote. “Eles vão ter de responder”, disse o senador. Em março, Serra também protocolou requerimen­to pedindo que Guedes detalhasse a memória de cálculo da proposta de reforma da Previdênci­a. O pedido foi aprovado e os dados, apresentad­os à equipe do senador.

Se o novo requerimen­to for aprovado, o ministro da Economia terá 30 dias para apresentar os dados. Caso contrário, fica sujeito até a processo de impeachmen­t por crime de responsabi­lidade.

Para que as informaçõe­s sejam dadas, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEMAP), precisa ler o requerimen­to no plenário da Casa. Na sequência, o documento passa pelo aval da Mesa Diretora para ser direcionad­o ao ministro.

Procurado pela reportagem via assessoria de imprensa se pretende encaminhar o pedido de Serra, o presidente do Senado não respondeu até a conclusão desta edição.

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