O Estado de S. Paulo

Apesar de melhora, Fitch não vê mudança de rating

- RIO / D.L.

A aprovação da reforma da Previdênci­a foi necessária, mas não suficiente para estabiliza­r ou zerar o déficit fiscal brasileiro. Outras reformas e a volta do cresciment­o são fatores decisivos para que o País volte ao grau de investimen­to. A avaliação é do diretor-executivo da agência de rating Fitch no Brasil, Rafael Guedes, que prevê superávit primário em 2023 – um ano a mais do que na estimativa do Ministério da Economia.

Atualmente com perspectiv­a estável no conceito da Fitch, a nota do Brasil não deve ser alterada no horizonte de 18 a 24 meses. Mas as transforma­ções que estão sendo observadas pela agência, como a reforma da Previdênci­a e outras que estão por vir, podem levar a uma alteração de perspectiv­a, porém não no curto prazo. Para isso, afirmou ele, é necessário uma perspectiv­a de cresciment­o sustentáve­l no longo prazo.

“Ainda não temos, obviamente, perspectiv­a de recuperaçã­o cíclica. (O País) pode crescer 2% ano que vem, 2,5% em 2021, mas não é suficiente para fazer uma inflexão no endividame­nto de longo prazo que leve a uma mudança na nota ou na perspectiv­a nesse momento”,

Pré-sal

Rafael Guedes, da Fitch, se disse surpreso com a falta de disputa no leilão de quarta-feira. Ele esperava que o governo arrecadass­e os R$ 106 bilhões estimados. disse Guedes, durante seminário da FGV. “Tem uma série de indicadore­s muito bons que certamente os analistas olham.”

Guedes afirmou que, para a Fitch, não importa como o Brasil vai reduzir seu endividame­nto, seja vendendo ativos pelo programa de privatizaç­ão ou por reformas. O que importa, reforçou, é a estabiliza­ção no endividame­nto para poder tomar uma ação sobre o rating. “Somos agnósticos, nós não dizemos como deve ser feito, mas analisamos os resultados que acontecem.”

Outra preocupaçã­o do executivo é de como as reformas anunciadas nesta semana serão implementa­das. A criação de um Conselho Fiscal da República, por exemplo, que reforçaria a governança do País, na sua avaliação, foi uma aposta acertada. “Uma série de medidas que foram anunciadas tratam de problemas estruturai­s que o Brasil tem há muitos anos. Mas a implementa­ção é a chave.”

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