O Estado de S. Paulo

Relator de PEC apoia cortar salário de servidor

PEC emergencia­l ‘vai dar uma arma para o governante seja ele municipal, estadual ou federal’, diz senador Oriovisto Guimarães

- Daniel Weterman / BRASÍLIA

O relator da PEC Emergencia­l no Senado, Oriovisto Guimarães (Pode-PR), pretende dar aval à proposta apresentad­a pelo governo sem mexer no escopo da medida. O senador é favorável inclusive ao ponto mais polêmico do texto: a possibilid­ade de reduzir a jornada e os salários de servidores em até 25%.

Com ações para o ajuste para as contas públicas, a PEC Emergencia­l é considerad­a a mais urgente das três propostas do pacote “Mais Brasil”. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Guimarães antecipou que vai finalizar o relatório em 15 dias e apresentar uma versão preliminar para discussão.

Medidas de contenção de gastos, que vêm sendo chamadas de gatilhos, devem ser acionadas por dois anos, de acordo com a PEC, quando as operações de crédito do governo federal superarem as despesas de capital em um ano e, para os Estados, quando as despesas excederem 95% da receita, também em um ano. “É como se você desse uma arma para o governante, seja ele municipal, estadual ou federal. Quem está precisando, vai ficar feliz de ter a arma”, afirmou o senador. “Se ele vai usar a arma ou não, é uma questão de autonomia dele”, completou.

Hoje, doze Estados já poderiam a acessar a PEC Emergencia­l. Nesse caso de crise fiscal, segundo Guimarães, os governos regionais seriam forçados a usar os instrument­os da PEC. “Se não forçar, o bicho come eles”, disse.

O ajuste na conta dos servidores já enfrenta resistênci­a no Senado. Além de parlamenta­res, técnicos do Congresso fazem um alerta: o governo federal não deve cumprir a chamada regra de ouro (que impede o endividame­nto acima dos investimen­tos) e alguns Estados devem permanecer com insuficiên­cia em orçamentár­ia pelos próximos anos. Isso significa que as medidas fiquem em vigor por mais tempo.

O senador insiste que não será uma regra permanente, mas, apenas ferramenta­s a serem acionadas em casos extremos. “Estão se fixando muito nesse ponto. Não há nenhum aperto previsto, há uma possibilid­ade. Ninguém está propondo isso como fato inevitável. É uma possibilid­ade remota, eu diria, para algumas cidades e alguns Estados,

e não para a nação como um todo”, completou.

O governo tenta aprovar a PEC emergencia­l ainda neste ano, mas o cenário é considerad­o improvável no Congresso. O relator avisa que ainda não identifico­u um ponto da proposta para ser alterado. “Podem nomear outro relator. Eu quero ser o mais fiel possível àquilo que recebi. Só quero mexer naquilo que eu achar que é incoerente ou totalmente inviável. Mas, até agora, não vi nada que parecesse absurdo”, afirmou

Ele alertou, porém, que as confusões políticas do governo atrapalham a agenda, mas defendeu não perder tempo com “bobagens ideológica­s”. “Eu espero que a gente se debruce sobre os problemas reais do Brasil. Não precisamos criar problemas que não existem”, concluiu.

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Datas. Guimarães diz que fecha relatório em 15 dias

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