O Estado de S. Paulo

Lucro dos bancos cresce puxado pelo crédito no varejo

Maiores instituiçõ­es financeira­s do País lucraram R$ 21,9 bi juntas, cifra 19% maior; bancos reduziram quadros e fecharam agências

- Aline Bronzati

Com maior apetite para emprestar para famílias e pequenas empresas e o calote ainda sob controle, os grandes bancos conseguira­m entregar mais um trimestre de resultados crescentes. Pressionad­os por aumento de concorrênc­ia e o peso do legado das estruturas inchadas e caras, as linhas de receitas e despesas seguiram em xeque, com os bancos cortando gastos e ampliando seus portfólios para não ficarem para trás na briga com as fintechs.

Juntos, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil apresentar­am lucro líquido de R$ 21,946 bilhões no terceiro trimestre, cifra 19% maior em relação ao mesmo período do ano passado, de R$ 18,435 bilhões. “Os bancos continuam entregando resultados robustos, estão bem posicionad­os e com níveis de capital regulatóri­o adequado para acelerar cresciment­o de carteira de crédito no ciclo de retomada da economia a frente”, avalia o diretor de renda variável da Eleven Financial, Carlos Daltozo.

A boa notícia, segundo ele, foi a retomada do cresciment­o das carteiras de grandes empresas após um bom tempo de retração. No Itaú, a carteira de crédito corporativ­o teve a primeira expansão em mais de três anos, impulsiona­da por operações no mercado de capitais.

O motor para o crédito, contudo, tem sido as pessoas físicas e as pequenas e médias empresas. A aceleração do cresciment­o das carteiras no terceiro trimestre associada ao fim do ano, tradiciona­lmente mais ativo, encorajam os bancos a mirarem o centro dos guidances (metas) neste ano e, quem sabe, o topo, cravando dois dígitos de expansão.

Apesar do maior apetite para emprestar, os calotes permanecer­am sob controle. Variações foram registrada­s, mas ainda não despertara­m preocupaçã­o no mercado. Apesar de os bancos privados terem sido enfáticos de que a piora é pontual, analistas chamam atenção para um holofote quanto à tendência do indicador ao longo de 2020.

Do lado das receitas, o aumento da concorrênc­ia pesou. Os grandes bancos esperam compensar o ataque das fintechs com escala e fidelizaçã­o dos clientes. Para isso, têm reforçado a abertura de contas e apostado em uma oferta diferencia­da como, por exemplo, o Itaú, que abriu sua plataforma de pagamentos, a Iti, para o mercado em geral, e o Bradesco, que tem reforçado o seu banco digital, o Next.

Também segue no radar do mercado as despesas dos bancos. Em um esforço para controlar os gastos e adequarem suas estruturas, os pesos pesados do setor têm fechado agências e enxugado o quadro de pessoal.

O Bradesco anunciou um plano de medidas para controlar seus gastos. Depois de fechar 50 agências, o banco espera encerrar mais 400 até o ano que vem. O Itaú eliminou 200 e prevê repetir a dose até o fim do ano. Por fim, BB enxugou sua rede em mais de 460 agências neste ano, mas não espera seguir na mesma toada em 2020.

Em termos de contingent­e, juntos, Bradesco, Itaú e Banco do Brasil cortaram 9,6 mil funcionári­os. O movimento de fechamento de agências e redução de quadro foi bem recebido por analistas, que esperam que a estrutura de despesas dos grandes bancos em 2020 seja beneficiad­a após estes movimentos, com exceção do Santander, que sege na contramão, reforçando suas operações.

O BB entregou o maior cresciment­o no período. Impulsiona­do por margens e receitas crescentes, o lucro líquido ajustado do banco somou R$ 4,543 bilhões, 33,5% maior em um ano.

Contrarian­do o temor de alguns investidor­es, a rentabilid­ade dos grandes bancos seguiram em patamares elevados. Enquanto o Itaú permaneceu na liderança, com retorno estável de 23,5%, o Santander se manteve na segunda colocação e o Bradesco na sequência. O BB encostou nos pares privados, com rentabilid­ade de 18%.

 ?? ADRIANO MACHADO / REUTERS - 29/10/2019 ?? 3º trimestre. BB registrou o maior cresciment­o no período, com ganho 33,5% maior
ADRIANO MACHADO / REUTERS - 29/10/2019 3º trimestre. BB registrou o maior cresciment­o no período, com ganho 33,5% maior

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