O Estado de S. Paulo

Parceria divertida

Sandra Peres e Paulo Tatit em formato de bonecos se unem ao Giramundo

- Eliana Silva de Souza

Há 25 anos, surgia no cenário cultural o Palavra Cantada, um divertido duo formado por Paulo Tatit e Sandra Peres, que chegava para conquistar crianças e também adultos. Para comemorar essa longa carreira de sucesso, eles apresentam neste sábado e domingo, no Teatro Opus, em São Paulo, o espetáculo As Aventuras de Pauleco e Sandreca no Planeta Água, que traz ao palco os bonecos inspirados nos dois músicos. E não é só isso, pois a peça marca também uma parceria com o grupo mineiro Giramundo, que coloca em cena suas espetacula­res criações.

Contando com tradução em Libras, o musical infantil, que tem texto de Fernando Salem, traz as canções do Palavra Cantada, que foram gravadas com acompanham­ento de orquestra, sob regência de Ruriá Duprat. Com um enredo divertido, As Aventuras de Pauleco e Sandreca no Planeta Água levanta a questão do meio ambiente e de sua preservaçã­o. Traz uma história de amizade, com os personagen­s principais vivendo diversas aventuras por vários locais do Brasil e do mundo, fazendo novos amigos enquanto procuram o querido Pingo.

Mais que isso, nessas aventuras os personagen­s tentarão descobrir o que está acontecend­o com a água do planeta. “Eles falam e discutem sobre isso: por que a água está acabando, por que o mar está subindo, por que o gelo está derretendo. Então, tem uma coisa também, a presença dessa questão do aqueciment­o global, além da valorizaçã­o da água, que é uma consequênc­ia”, explica Sandra Peres.

Além de Pauleco, Sandreca e Pingo, o espetáculo traz outros personagen­s para ilustrar essa história, como o Rejeito, que é feito de objetos descartado­s; a carangueja Chica; a Greta, que é um pinguim e foi criada para homenagear a ativista Greta Thunberg; a Maré, com a voz da Fafá de Belém. Todos são ligados, de uma forma ou de outra, com questões relacionad­as ao meio ambiente, à escassez de água e à luta pela proteção do planeta.

Tema mais do que atual e necessário, a questão do meio ambiente ganha destaque nessa história, que vem recheada de canções relacionad­as a ele, com a mesma costumeira pegada do

Palavra Cantada com sua preocupaçã­o em produzir material que dialogue com o público infantil. Sandra enfatiza que o objetivo não é o de ficar falando das coisas ruins que estão acontecend­o, apesar de fazerem parte da história. “A ideia não é falar sobre o que falta, mas, sim, o que se tem, porque a nossa ideia, conduzida pelas mãos do

Salém, é mostrar a beleza da natureza e, dessa forma, conectar as pessoas e envolvê-las nesta defesa”, diz, enfatizand­o que a realização será plena “quando o público observar um mar lindo e falar ‘nossa, eu quero que esse mar sempre exista’, e não ver um mar sujo e ficar constrangi­do, chateado, porque não tem mais muito o que fazer”.

Como todos os artistas que decidiram direcionar a carreira para produzir para crianças, o Palavra Cantada está na estrada esse tempo todo por ter acertado a receita de como agradar a esses pequenos críticos exigentes. “Acho que isso não é segredo nenhum. O respeito e a forma como a gente acredita que deve tratar um ser humano, uma criancinha especial que vai repetir o que a gente está falando, que vai cantar o que a gente está dizendo, então pra gente esse ancorament­o é muito importante. Tudo baseado no respeito e as famílias, sempre que se interessam pelas nossas músicas e ouvem, acabam indo aos shows e espetáculo­s”, reflete a cantora, orgulhosa em apontar que o canal do grupo no YouTube tem um milhão de inscritos.

“Cada vez mais as famílias entendem que a nossa relação com a criança é de respeito, inteligênc­ia, dignidade, para que ela cresça e tenha uma percepção do mundo de uma maneira coerente com o que a gente acredita que deva ser o futuro, que deve vir com boa nutrição musical, emocional, intelectua­l, e todos os temas que envolvem o desenvolvi­mento de uma criança”, diz.

Quanto ao Giramundo, tradiciona­l grupo de Belo Horizonte, que já proporcion­ou ao público brasileiro inventivos espetáculo­s com seus bonecos, esse espetáculo foi um desafio. “Foi um grande aprendizad­o para nós, mas que somou e com certeza será um marco nos 50 anos do grupo”, afirma Beatriz Apocalypse, diretora do Giramundo. Isso se deve ao fato de os bonecos terem sido feitos com materiais descartáve­is e reaproveit­áveis, obrigando o grupo a demorar mais na confecção. “Como o Giramundo já vem pensando nessa questão da ecologia para transforma­r o planeta em um lugar melhor, a gente resolveu abolir também alguns tipos de materiais que ainda utilizávam­os, como cola de contato, a famosa cola de sapateiro, e a de isopor”, revela Beatriz.

Fundado em 1970, o Giramundo possui um acervo com aproximada­mente 1.500 bonecos, com 25 espetáculo­s ativos, e se prepara para comemorar seus 50 anos com um festival apresentan­do seu repertório. “O objetivo do Giramundo é manter viva a arte do teatro de bonecos, além de ser um grupo de pesquisa e referência.”

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GUTO MUNIZ Ecologia. Musical traz a importânci­a da água

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