O Estado de S. Paulo

Indústria de SP recua 1,4% em setembro

Produção paulista foi pressionad­a por veículos e alimentos e vai na contramão da média de expansão fabril do País, de alta de 0,3%

- Daniela Amorim / RIO

A produção industrial cresceu em 10 das 15 regiões pesquisada­s no País, na passagem de agosto para setembro. No entanto, a indústria de São Paulo, maior parque fabril brasileiro, encolheu 1,4%. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional, divulgados pelo IBGE.

Na média nacional, o setor industrial escapou do negativo, com um avanço de 0,3%.

“Parece que a indústria se saiu melhor do ponto de vista regional, mas pior do ponto de vista setorial”, avaliou Rafael Cagnin, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvi­mento Industrial (Iedi).

A queda na produção paulista em setembro foi puxada pela menor fabricação de veículos, num esforço de evitar acúmulo de estoques, e de alimentos, com a destinação de maior parte da cana-de-açúcar à produção de etanol em vez de açúcar.

A despeito de impactos pontuais no mês, a indústria local tem sido afetada pelos mesmos fatores conjuntura­is que atrapalham a produção nacional, segundo o IBGE. O parque fabril de São Paulo, o mais diversific­ado do País, ainda tem o desempenho prejudicad­o pela redução nas exportaçõe­s para a Argentina, pela demanda doméstica fraca por conta do mercado de trabalho precário e pelo elevado nível de incertezas, que adiam decisões de investimen­tos de empresário­s e de consumo das famílias, enumerou Bernardo Almeida, analista da

Coordenaçã­o de Indústria do IBGE.

No terceiro trimestre, a produção industrial em São Paulo recuou 0,8% em relação ao segundo trimestre deste ano. Na média global da indústria, houve uma alta de 0,3% no terceiro trimestre ante o segundo.

Extração.

“Muito do resultado no terceiro trimestre ante o segundo trimestre vem do setor intermediá­rio, do avanço do setor extrativo. Como São Paulo não tem extração, a indústria local fica mais no negativo”, justificou André Macedo, gerente da Coordenaçã­o de Indústria do IBGE.

Na passagem do segundo trimestre para o terceiro trimestre, os bens intermediá­rios cresceram 1,2%, pela recomposiç­ão da produção da indústria extrativa após a tragédia do rompimento da barragem da mineradora Vale na região de Brumadinho, em Minas Gerais. No mesmo período, a fabricação de bens de capital recuou 0,7%, enquanto a de bens de consumo duráveis diminuiu 0,4%. A produção de bens semiduráve­is e não duráveis ficou praticamen­te estagnada, com ligeira alta de 0,1%.

Para Rafael Cagnin, do Iedi, o cenário é mais favorável que o da virada do ano, mas a perda na indústria paulista acende um sinal amarelo, por conta da diversific­ação da produção local.

“São Paulo é o que tem o parque mais complexo, é a indústria em que o cresciment­o seria capaz de se autossuste­ntar e disseminar para o resto do País. São Paulo é um motor industrial”, disse Cagnin.

Os próximos meses podem trazer notícias melhores, tendo em vista os esperados impactos de medidas como a liberação de saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que deve aumentar o consumo das famílias, e a redução na taxa básica de juros, que ajuda a baratear o crédito.

“Continuo relativame­nte mais otimista com o fim de ano mais favorável. São Paulo é um elemento importante para isso, mas tem esse sinal amarelo”, alertou.

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DIVULGAÇÃO - 13/8/2010 Impacto. Fatores conjuntura­is afetaram produção industrial

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