O Estado de S. Paulo

‘Regulament­ação vai dar mais segurança para os agentes’

- Eduardo Carlezzo ADVOGADO ESPECIALIZ­ADO EM DIR. ESPORTIVO

Anos depois de ter praticamen­te abandonado o assunto, a Fifa voltará à regulament­ação da profissão de agente de jogadores e, ao que tudo indica, com muito mais força do que antes. O debate quanto à limitação das comissões não é novo. Já foi extensamen­te discutido na Fifa, que no passado adotou postura de sugestão de valores, e não de concreta limitação. Agora, vemos que a entidade pretende tornar as comissões incidentes na remuneraçã­o de atletas mais próximas à prática das grandes ligas norte-americanas, que tradiciona­lmente possuem valores inferiores às comissões pagas no futebol.

Com a desregulam­entação do mercado de agentes, a Fifa transferiu a responsabi­lidade para as federações nacionais, e cada uma delas tem regras próprias sobre o assunto, o que gera por vezes inseguranç­a na execução dos contratos.

Uma regulação centraliza­da e um sistema de resolução de disputas internacio­nal trarão maior segurança, pois hoje vemos transações internacio­nais em que agentes não são pagos e há dificuldad­e em executar a cobrança, pois acaba sendo enviada ao Poder Judiciário de determinad­o país. Imagine um agente brasileiro cobrando dívida de um clube saudita na Justiça da Arábia Saudita?

Uma consequênc­ia me parece certa: vai sobrar mais dinheiro na conta dos clubes nas transferên­cias de jogadores. É claro que pagamentos por fora não vão deixar de ocorrer, especialme­nte em clubes que não participam das quatro divisões do Brasileirã­o e são pouco fiscalizad­os. Nos clubes da elite nacional, com balanços auditados, ficará fácil verificar eventuais transgress­ões.

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