O Estado de S. Paulo

Cláudio Couto

- Cláudio Couto É PROFESSOR DA FGV

Os partidos importam pouco para Bolsonaro, que já passou por seis siglas. Sua política é a da família, sua verdadeira agremiação.

Quando levou a fatídica facada, Jair Bolsonaro vestia uma camiseta verde-amarela com o dizer “Meu partido é o Brasil”. Seus filhos, centrais na política do governo, também a envergam. Nas manifestaç­ões de 2013, que abriram caminho para a emergência da nova direita, cuja maior expressão é o bolsonaris­mo, manifestan­tes ostentavam faixas com o lema “Meu partido é meu país”. O sentimento antipartid­ário marca estes tempos, assim como a emergência da extrema direita, aqui e alhures.

O PSL, agremiação que abandona, é “apenas” a sexta pela qual passou. Começou no PDC, que por fusão resultou no

PPR (novo nome do PDS, sucessor da Arena) e, mediante nova mescla, virou PPB. Logo, tratava-se de uma só organizaçã­o. Dali foi para o PTB, depois para o PFL (atual DEM, dissidênci­a do PDS), voltou ao PP (novo nome do PPB), saiu para o PSC e, após um biênio, ingressou no PSL – não sem antes flertar com o Partido Ecológico Nacional (PEN).

Bolsonaro quer criar mais um partido em País tão pródigo neles. Ameaça levar consigo ao menos 30 dos pouco mais de 50 deputados que ajudou a eleger, além das possíveis adesões. Os partidos, porém, importam pouco para Bolsonaro. Sua política é a da família – sua verdadeira agremiação. Deve, porém, seguir sem os polpudos fundos partidário e eleitoral que ajudou a inflar. E sem os votos de que precisa num Congresso sem coalizão governista.

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