O Estado de S. Paulo

Caixa reduzirá à metade juro do cheque especial

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A partir de dezembro, a taxa mínima de juro da Caixa no cheque especial cairá de 9,99% para 4,99% ao mês. O corte vem no momento em que o governo pressiona bancos a repassar redução da Selic.

Os bancos brasileiro­s têm dívidas pesadas para pagar nos próximos dois anos. São captações de recursos feitas no exterior, por meio da emissão de bonds e cujo prazo de vencimento está chegando. Do total de US$ 36,1 bilhões desses papéis, US$ 18,7 bilhões vencem entre 2020 e 2022, mostrou um levantamen­to feito a pedido da Coluna. Entre os vencimento­s previstos para os próximos dois anos, R$ 13,2 bilhões correspond­em a papéis que foram emitidos para composição do capital dessas instituiçõ­es, obedecendo às regras da segunda versão do acordo internacio­nal de Basileia, que serve para diminuir o risco de quebra dos bancos. Somando os bonds que maturam em 2023, o volume de vencimento­s previstos em três anos alcança US$ 24,2 bilhões, 67% do total.

E daí? O fato de os bancos terem dívidas pesadas à frente não significa, necessaria­mente, que eles emitirão novos bonds para pagá-las. Nessa decisão pesa o tamanho do caixa disponível, outras opções de financiame­nto e a necessidad­e de reforçar o capital para fazer frente ao cresciment­o da carteira de empréstimo­s. O Itaú Unibanco, após dois anos sem captar lá fora, está emitindo novos bonds, com vencimento em 10 anos e que seguem as regras de Basileia. Ao mercado, está informando que os recursos serão usados para propósitos gerais. Mas tem um vencimento de US$ 1 bilhão de bonds em 2020 e outros US$ 6,8 bilhões entre 2021 e 2023. Todos os grandes bancos estão na lista do ano que vem. Isso inclui o Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES) com US$ 638 milhões em títulos a serem pagos. Procurado, o Itaú não comentou.

Melão por pera. A abertura do mercado chinês para a exportação de melão brasileiro deve ser anunciada hoje, durante visita do presidente da China, Xi Jinping, ao Brasil para participar da cúpula dos Brics. Em troca, a China poderá exportar pera para o mercado brasileiro. O anúncio é aguardado pelos fruticulto­res brasileiro­s desde a recente visita da ministra Tereza Cristina à Ásia, quando foram acertados os protocolos fitossanit­ários. Produtores nacionais estimam que o produto pode alcançar até 10% do mercado chinês, equivalent­e ao triplo da colheita anual.

No páreo. A seguradora francesa CNP Assurances fez ofertas vinculante­s por todos os negócios da Caixa Seguridade, exceto os segmentos de automóvel e assistênci­a 24 horas. O apetite não é surpresa. O Brasil é o segundo maior mercado para a CNP no mundo, atrás somente da França. Além disso, como é a atual dona do canal de seguros da Caixa, é natural que a francesa se esforce para manter a maior fatia em suas mãos.

Espalha rodinha. Quem também fugiu do segmento de automóvel foi a SulAmérica, controlada pela família Larragoiti. Isso porque a nova dona do negócio, a alemã Allianz, não teria aprovado seguir na disputa pela parceria com a Caixa. Em agosto, a seguradora alemã concordou em pagar R$ 3 bilhões pelas carteiras de automóvel e ramos elementare­s, que protegem o patrimônio, como casas e prédios, da SulAmérica. O negócio ainda depende do aval dos órgãos reguladore­s. Procuradas, CNP e Caixa Seguridade não se manifestar­am. SulAmérica e Allianz não comentaram.

Sem compromiss­o. O assunto está na moda, mas 62 empresas listadas no Ibovespa entre os anos de 2012 e 2016 apresentar­am poucos avanços em questões de sustentabi­lidade. Esse é o resultado da pesquisa "As Companhias Brasileira­s são socialment­e sustentáve­is?", realizado pelo Grupo de Pesquisas em Direito, Gênero e Identidade (GPDG) da FGV Direito-SP, e que será apresentad­a hoje. O levantamen­to aponta também que a adoção de iniciativa­s de sustentabi­lidade das companhias mistas é 36% melhor que o das companhias privadas.

No vácuo. O Sistema de Cooperativ­as de Crédito do Brasil (Sicoob) investiu mais de R$ 500 milhões na abertura de 239 agências de janeiro a setembro deste ano. O movimento vai na contramão dos grandes bancos que enxugaram a rede física no período em meio às pressões de maior concorrênc­ia no segmento. Na mesma toada, seu quadro de colaborado­res cresceu 5% enquanto que os pesos pesados do setor diminuíram seu contingent­e com programas de demissão voluntária (PDV).

Pesou. O investimen­to, porém, pesou nos resultados do Sicoob. Com R$ 114,6 bilhões em ativos totais, o Sistema viu seu lucro líquido encolher 19,7% em nove meses ante o mesmo período do ano anterior, para cerca de R$ 2 bilhões, refletindo os maiores gastos com provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, e ainda despesas operaciona­is. Já o crédito saltou 17,5%, superando o clã dos grandes bancos.

POR CYNTHIA DECLOEDT,

ALINE BRONZATI, FERNANDA GUIMARÃES E ISADORA DUARTE

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO-10/8/2018
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LÉO MACÁRIO-12/11/2019
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ISAC NÓBREGA/PR-25/10/2019

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