O Estado de S. Paulo

Raio brasileiro

Petrúcio Ferreira, o ‘Bolt’ do Mundial Paralímpic­o, ganha ouro.

- João Prata ENVIADO ESPECIAL / DUBAI

O paraibano Petrúcio Ferreira teve um dia inesquecív­el ontem, no Mundial de Atletismo Paralímpic­o de Dubai. Na eliminatór­ia dos 100m da classe T-47 (amputados membros superiores), fez 10s42 e tornou-se o atleta paralímpic­o mais rápido em todas as classes. Horas depois, na final, o recordista mundial garantiu o ouro e encabeçou o pódio triplo do Brasil na prova. O estreante Washington Junior ganhou a prata e o veterano Yohansson Nascimento, o bronze.

Na final, Petrúcio fez a prova em 10s44, dois centésimos acima do tempo que obtivera mais cedo. Washington cravou 10s58 e faturou sua primeira medalha na competição. Yohansson completou a festa com o tempo de 10s69 e alcançou sua 11.ª medalha em Mundiais. Os três garantiram vaga nos Jogos de Tóquio-2020 por índice técnico.

Petrúcio já era o recordista mundial na T-47 e tinha como objetivo ser o mais rápido entre todas as classes. Com a marca ele deixou para traz o irlandês Jason Smith (10s46) e o norueguês Salum Ageze Kashafali T12 (10s45) com o melhor tempo em competiçõe­s paralímpic­as – o irlandês já atingiu 10s20, mas em uma disputa olímpica. Por isso, o tempo não é válido para a competição que Petrúcio Ferreira disputou.

“Estou muito feliz. Costumo dizer que tem que acordar sempre ligado no 220. Hoje (ontem), acordei em altíssima tensão. A pista é muito boa e o clima está ótimo”, comemorou o paraibano.

O tempo de 10s42 de Petrúcio é oito centésimos menor do que sua antiga melhor marca, obtida em junho de 2018 na etapa de Paris do circuito promovido pelo Comitê Paralímpic­o Internacio­nal.

A medalha de ouro na final foi a consagraçã­o do desempenho de Petrúcio. O brasileiro teve dificuldad­es no início da prova, mas reagiu nos metros finais.

“Na minha largada e nos primeiros 30 metros demoro para desenvolve­r. Fiz uma corrida de recuperaçã­o, na verdade. O Washington me deu trabalho, ele veio na minha frente. Quando cruzei a linha, vi ele em segundo e depois o Yohansson. Aí, foi só pular e gritar: ‘É Brasil, é tudo nosso’”, comemorou o paraibano.

Washington contou como é a experiênci­a de seu primeiro Mundial. “Meu primeiro campeonato e estar entre os três... Não tenho palavras. Na hora do tiro saí muito bem. Nos primeiros metros senti que estava na frente. Nem me liguei nos tempos. Quando vi que era só Brasil, fiquei muito contente”, afirmou ele.

Yohansson destacou que a etapa em Dubai registrou o pódio mais rápido da história. “Foram os 100 metros mais fortes nessa competição. Estou sem palavras por fazer a melhor marca da minha vida aos 32 anos, minha 11.ª medalha. Foi um sucesso essa prova.”

Ótima campanha. O pódio triplo foi o ponto alto do excelente dia que o Brasil teve ontem no Mundial, conquistan­do nove pódios no total. Com isso, subiu para o segundo lugar no ranking de medalhas e superou o desempenho alcançado em Londres201­7, quando terminou com 21 conquistas.

O País tem 25 medalhas no total em Dubai, com nove ouros, seis pratas e dez bronzes. A China lidera com 41 (17 ouros, 17 pratas e 7 bronzes). Faltam três dias para o término da competição.

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MAHMOUD KHALED / EFE Recorde. Petrúcio tem melhor marca do mundo nos 100m
 ?? CHRISTOPHE­R PIKE/REUTERS ?? Raios. Petrúcio, Yohansson e Washington: pódio brasileiro
CHRISTOPHE­R PIKE/REUTERS Raios. Petrúcio, Yohansson e Washington: pódio brasileiro

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