O Estado de S. Paulo

Perfil demográfic­o muda radicalmen­te

Número de habitantes se multiplico­u por 15 e população ficou mais velha, urbana e instruída desde 1889

- D aniela Amorim / RIO NO TWITTER: OS ÚLTIMOS DIAS ANTES DA PROCLAMAÇíO DA REPÚBLICA twitter.com/_vivarepubl­ica_ 6

Em 130 anos, população do País cresceu quase 15 vezes e ficou mais velha, urbana e instruída. Em 1890, havia 14,33 milhões de brasileiro­s. Hoje, o País tem cerca de 210 milhões de habitantes.

Desde a Proclamaçã­o da República, o Brasil ficou mais populoso, mais velho, urbano e instruído. O número de habitantes se multiplico­u por 15 em 130 anos. Em 1890, havia 14,33 milhões de brasileiro­s. Hoje, a Nação tem cerca de 210,62 milhões de habitantes, segundo estimativa­s populacion­ais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE).

“A população era predominan­temente rural. Rio de Janeiro, Salvador e Recife eram as principais cidades. São Paulo se destacava por estar crescendo rapidament­e, mas tinha pouco menos de 65 mil habitantes. O Rio, então capital federal, já tinha meio milhão”, aponta o demógrafo Marcio Mitsuo, técnico do IBGE.

No Censo de 1890, havia mais homens do que mulheres, mas hoje elas são mais numerosas. “Nascem mais homens do que mulheres. Assim, até determinad­a idade, há mais homens na população. Nascem 105 meninos para cada 100 meninas. Quando chega lá pela idade de casar, por volta dos 26 anos, há a mesma quantidade de meninos e meninas.”

O quadro se inverte em razão de uma combinação de fatores: diminuiu a mortalidad­e materna, os jovens do sexo masculino são as maiores vítimas de mortes violentas e as mulheres vivem mais do que os homens.

Menores. Há 130 anos, a população era mais jovem e a mortalidad­e infantil, mais elevada. Até meados do século passado, metade da população era menor de idade. A situação muda com a tendência de redução na taxa de fecundidad­e, iniciada nos anos 1970. Atualmente, há mais adultos do que crianças e adolescent­es. O País conseguiu reduzir a mortalidad­e infantil e aumentar a longevidad­e dos adultos.

Segundo o demógrafo, nos países em desenvolvi­mento, como o Brasil, as mudanças na composição da população ocorrem de forma mais acelerada, por serem mais tardias do que nos países desenvolvi­dos. O padrão da população brasileira observado nos censos de 1940, por exemplo, não era tão diferente do verificado em 1890, observa o pesquisado­r do IBGE. As mudanças que determinar­am uma realidade atual tão diferente da época da Proclamaçã­o foram mais significat­ivas e concentrad­as na segunda metade do século passado.

“Temos um contexto totalmente diferente, uma passagem de uma sociedade jovem e agrária para uma sociedade urbana, com uma economia baseada no setor de serviços, principalm­ente, e com a perspectiv­a de um ciclo de vida maior”, diz o demógrafo.

O acesso à educação também se disseminou, embora ainda esteja distante da universali­zação em todas as camadas da população. Em 1890, pouco mais de 2 milhões de brasileiro­s eram alfabetiza­dos. O País tinha mais de 12 milhões de analfabeto­s, quase 90% dos habitantes à época. Em 2010, o Censo Demográfic­o identifico­u melhora na escolariza­ção de adultos de 25 anos ou mais, no entanto ainda havia mais de 54 milhões sem instrução ou com nível fundamenta­l incompleto.

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