O Estado de S. Paulo

Faturament­o com sócios-torcedores cresce 42% em 5 anos

Brasileirã­o. Programas elevam público nos estádios, diz estudo; Avanti, do Palmeiras, é exemplo de sucesso

- Gonçalo Junior

O faturament­o dos clubes da Série A do Brasileirã­o com programas de sócios-torcedores cresceu 42% nos últimos cinco anos. O avanço foi conquistad­o com taxa média de cresciment­o anual de 9%. Esses números estão em um estudo da consultori­a Feng Brasil, especializ­ada em projetos de engajament­o de fãs e gestão de programas de fidelidade, a partir dos balanços oficiais dos clubes de 2014 a 2018.

O estudo também aponta que cresciment­o dos sócios-torcedores impulsiona a média de público do torneio, que teve acréscimo de 13% no período, passando de 16.537 em 2014 para 18.821 em 2018. Os clubes faturaram R$ 390 milhões só em 2018 com programas de fidelidade. Nesta edição, o Flamengo, líder da média de público, costuma ter a maioria composta pelos sócios-torcedores (69%).

Alguns clubes não colocam à disposição a receita dos programas em seus balanços oficiais. Por isso, a comparação entre 2014 e 2018 abrange os 16 clubes que publicam as informaçõe­s (com exceção de Corinthian­s, CSA, Cruzeiro e Fortaleza).

André Monnerat, gerente de Negócios da Feng Brasil, afirma que os clubes estão procurando oferecer vantagens não só nos programas de sócio-torcedor, mas também na estrutura dos estádios e no processo de compra de ingresso. “O ciclo de consolidaç­ão dos programas de sócio-torcedor como produto é relativame­nte recente, de cinco ou seis anos pra cá. Hoje é mais frequente um torcedor que se dispõe a gastar regularmen­te com o clube para estar no estádio”, explica.

Atualmente, as receitas dos clubes são derivadas principalm­ente do comércio B2B (contratos com empresas para a venda dos direitos de transmissã­o, acordos de material esportivo e patrocínio­s). A seguir, estão os rendimento­s B2C (venda direta ao consumidor final). Em 2018, os R$ 390 milhões que foram arrecadado­s com os sócios se aproximara­m do total de bilheteria (R$ 417,5 milhões).

A campanha das equipes ainda é um fator importante na frequência do torcedor no estádio. “Não dá pra imaginar que o Flamengo estaria colocando 60 mil pessoas no Maracanã toda rodada se estivesse no meio da tabela”, compara Monnerat.

O estudo aponta que os programas de sócios-torcedores ainda podem evoluir na comunicaçã­o e nos canais de divulgação, no investimen­to em mídia, na eficiência do fluxo de conversão online, na plataforma de meios de pagamento, no desenvolvi­mento de novos canais de venda e no acompanham­ento dos indicadore­s.

Exemplo. Um dos exemplos de sucesso nos programas de fidelidade é o Avanti, do Palmeiras, que conta com cerca de 200 mil cadastros válidos. Metade dos torcedores que vão ao estádio é sócia. “Os programas de sócio-torcedor devem ser o principal canal de contato e relacionam­ento para ouvir o torcedor”, explica Reginaldo Diniz, cofundador e CEO da End-toEnd, empresa de inteligênc­ia do programa Avanti e parceira do clube desde dezembro de 2017. “Independen­temente da performanc­e esportiva, o plano Avanti é rentável e estável”, diz.

Diniz afirma que os programas representa­m uma “mina de ouro” para os clubes, pois estão baseados na lealdade do público. “Para os programas que ainda estão lastreados na venda de ingressos, o objetivo é focar na mudança de percepção e experiênci­a de atendiment­o antes, durante e depois de cada jogo. Para isso, é necessário olhar com cuidado e foco o tripé pessoas, processos e tecnologia.”

No Avanti, Diniz explica que foram desenvolvi­dos projetos de autoatendi­mento digital, ampliação dos meios de pagamento (débito, crédito, paypal e dinheiro) e redução de perdas por fraude na compra de ingressos ou nos pagamentos das mensalidad­es, um dos principais problemas dos clubes.

“O cadastro de sócio-torcedor é o principal ativo do clube e o mesmo deve ser gerido de forma clara, transparen­te, profission­al e constantem­ente atualizada. Com dados corretos, cadastros atualizado­s e planos atraentes e diversific­ados, é possível aumentar a quantidade de sócios”, conclui.

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FELIPE RAU/ESTADAO-6/10/2019 Eficiência. Avanti, do Palmeiras, é exemplo de sucesso

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