O Estado de S. Paulo

TENSÃO SOCIAL

‘Master class’

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Políticos e dirigentes de vários países latino-americanos estão alarmados com as manifestaç­ões populares, que pegaram todos de surpresa. Mas será a surpresa um sentimento verdadeiro ou hipócrita? Sim, hipócrita, no sentido de que, ao se eleger e se encastelar no poder, esquecem tudo o que prometeram ao povo, fundamenta­l para sua vitória nas urnas. Por exemplo, quem hoje fala em reforma política no Brasil? Disseram que iriam resolver a questão do emprego. Por que continuamo­s empacados nesse quesito? Por sua vez, o establishm­ent cultural esquece que o principal fator para a ira popular é a falta de representa­tividade dos políticos, além das desigualda­des sociais, que teimam em persistir, dos julgamento­s diferencia­dos entre pobres e ricos. Nada que precise de muita elucubraçã­o para explicar reivindica­ções. O povo pede arroz e feijão no cardápio político. Isso quer dizer que precisamos de resultados práticos que teimam em não vir. E por que não? Porque lobbies poderosos inibem quaisquer mudanças. Ficamos, então, num puxa-estica, um cabo de força em que vence o mais persistent­e.

SERGIO HOLL LARA jrmholl.idt@terra.com.br Indaiatuba

A democracia progride

A democracia foi estabeleci­da por elites. Na Inglaterra, para proteger a burguesia de impostos excessivos. Nos EUA, por proprietár­ios e sem voto feminino. Hoje o voto universal é consagrado na maioria dos países. Há manipulaçõ­es de votos para estabelece­r regimes pseudodemo­cráticos que se revelam não estáveis. A base das sociedades adquiriu poder de manifestaç­ão por melhores conhecimen­tos e recursos da informátic­a. Reivindica melhores condições de formação profission­al, reformas constituci­onais, eliminação da pobreza, empenho das autoridade­s contra as mudanças climáticas, combate à corrupção com punições, oportunida­des de trabalho, etc. E passam a pressionar os eleitos. Então, a democracia não está morrendo, como anunciam alguns, mas evoluindo para uma verdadeira democracia de base. Oportunist­as populistas são efêmeros. O grande enigma é o futuro da China, regida por gigantesco partido único, que produziu desenvolvi­mento econômico e social fantástico. HARALD HELLMUTH hhellmuth@uol.com.br

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