O Estado de S. Paulo

Bolsonaro fala em pressão para demitir Guedes

- TIAGO AGUIAR e P.R.N.

O presidente Jair Bolsonaro disse ontem que foi pressionad­o a demitir o ministro da Economia, Paulo Guedes, após o comentário que ele fez na semana passada, no qual sugere a possibilid­ade de decretação de um novo AI-5 para combater eventuais protestos de rua contra o governo. “Quem pede a cabeça do Paulo Guedes quer desestabil­izar a economia”, disse o presidente ontem, em entrevista ao Jornal da Record.

Foi a primeira vez que Bolsonaro comentou a fala de Guedes sobre o AI-5. Na semana passada, quando questionad­o sobre o assunto, Bolsonaro disse que preferia falar sobre “A-38” – em referência ao número do partido que pretende criar.

Na entrevista, Bolsonaro negou intenção de propor medida que resulte na diminuição de direitos. Ainda assim, disse não ver “nada de mais” na citação ao AI-5 – o Ato Inconstitu­cional n.º 5, baixado no momento mais duro da ditadura, que resultou no fechamento do Congresso e supressão de direitos civis e políticos. No final de outubro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, sugeriu o uso do AI-5 em caso de “radicaliza­ção da esquerda”.

“Não vejo nada demais no fato de citar o AI-5, que existia na Constituiç­ão passada. O Paulo Guedes e o Eduardo citaram num contexto, não diante de movimentos sociais reivindica­tórios, mas (na possibilid­ade) de descambar para algo parecido com terrorismo, como vem acontecend­o no Chile. Podiam ter usado outra expressão. Não vejo porque tanta pressão em cima dos dois”, afirmou.

Busca. A Polícia Federal cumpriu dois mandados de busca e apreensão em Três Corações e Alfenas, no sul de Minas, para apurar supostas ameaças contra Bolsonaro. As ordens foram expedidas pela Justiça Federal sob argumento de suspeita de crime contra a segurança nacional.

A investigaç­ão teve início na sexta-feira, após um homem ser detido por ter publicado nas redes sociais fotos e vídeos de suposto plano de atentado contra Bolsonaro. O presidente esteve na cidade no mesmo dia para participar da diplomação do Curso de Formação de Sargentos. O suspeito era funcionári­o terceiriza­do da Escola de Sargentos das Armas. A investigaç­ão tramita em segredo de Justiça. /

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