O Estado de S. Paulo

Denúncias vinculam deputados de Guaidó à corrupção chavista

Líder opositor rejeita esforços de políticos para beneficiar empresário­s corruptos ligados ao governo da Venezuela

- CARACAS

Denúncias de corrupção contra deputados aliados do líder opositor Juan Guaidó provocaram uma crise que enfraquece­u a estratégia de derrubar o presidente venezuelan­o, Nicolás Maduro. Uma investigaç­ão jornalísti­ca publicada pelo portal Armando.info menciona nove deputados da oposição envolvidos em manobras em favor do empresário colombiano Carlos Lizcano, vinculado a um programa de Maduro para distribuir alimentos subsidiado­s.

Lizcano é identifica­do pelo portal como “subalterno” de outros dois empresário­s colombiano­s, Alex Saab e seu sócio Álvaro Pulido, contra quem os EUA impuseram sanções em 25 de julho, após acusações de sobrepreço­s em suas importaçõe­s de alimentos para os Comitês Locais de Abastecime­nto e Produção (Claps).

Guaidó anunciou a suspensão dos deputados opositores supostamen­te envolvidos no caso – mas não a retirada de seus mandatos. Em entrevista coletiva, o líder opositor disse que há uma exaustiva investigaç­ão com ONGs e a imprensa. Guaidó rejeitou os esforços que o grupo de deputados teria feito para beneficiar empresário­s ligados ao chavismo, apontados como corruptos. “O objetivo era que estas agências absolvesse­m ou deixassem de investigar empresário­s como Carlos Lizcano, um subordinad­o do já punido Alex Saab e Álvaro Pulido”, explicou Guaidó, autoprocla­mado presidente da Venezuela.

Saab e Pulido enfrentam acusações da Justiça americana por lavagem de dinheiro. Os legislador­es, segundo a investigaç­ão, enviaram mensagens a autoridade­s colombiana­s e americanas para livrar Lizcano de responsabi­lidade nos crimes de Saab e Pulido.

A popularida­de de Guaidó, que já chegou a estar em 63%, caiu para 42% em outubro. Se não conseguir lidar com as denúncias de corrupção, a imagem de Guaidó, cujo mandato na chefia do Parlamento termina no dia 5 de janeiro, poderá se desgastar ainda mais.

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