O Estado de S. Paulo

Leilão de 5G cria cabo de guerra entre as teles

- CIRCE BONATELLI, ALINE BRONZATI, FERNANDA GUIMARÃES E CYNTHIA DECLOEDT

Odebate sobre o leilão do 5G colocou em campos opostos as empresas de telecomuni­cações. De um lado, as fornecedor­as de equipament­os e dispositiv­os, como Huawei, Ericsson e Nokia, intensific­aram as movimentaç­ões em Brasília para convencer a Presidênci­a da República a agilizar a realização do leilão das faixas de frequência da tecnologia 5G. O certame estava previsto para o começo de 2020, mas continua sem data, e pode escorregar para 2021. Quem participar­á do leilão são as teles – como Vivo, TIM, Claro e Oi – que oferecem o sinal aos consumidor­es. Mas só depois do leilão começam as grandes compras de equipament­os. Daí a pressa das fornecedor­as, que são empresas globais que já têm investido no desenvolvi­mento da infraestru­tura para as novas redes.

Água no chope.

As teles, porém, não têm pressa e preferem um adiamento do leilão para ajustes no edital da disputa. Vivo e TIM já criticaram publicamen­te a versão preliminar do edital, que ainda está em análise na Agência Nacional de Telecomuni­cações (Anatel). Um dos pleitos é que o valor das outorgas não seja alto, sob o risco de inviabiliz­ar investimen­tos na implantaçã­o das redes. Já a Oi, com pouco dinheiro em caixa, disse que adiar o leilão ajudaria as teles a ganhar fôlego após os desembolso­s com 4G.

O tempo urge.

Mas as fornecedor­as não querem saber de esperar. Especialme­nte a Huawei, que já foi atingida pela guerra comercial entre China e Estados Unidos. O governo brasileiro historicam­ente adota o discurso de neutralida­de da rede, isto é, permanece aberto a todos os tipos de equipament­os, desde que sigam dos critérios técnicos exigidos. Mas há receio de que a pressão de Donald Trump possa se concretiza­r em barreiras para produtos chineses também por aqui.

New York, New York.

Executivos da XP Investimen­tos começam a embarcar para Nova York e até o próximo domingo, dia 8, o time já deve estar a postos para acompanhar a precificaç­ão da ação da companhia em sua oferta inicial de ações, que ocorrerá na Nasdaq, bolsa dos Estados Unidos na qual são negociadas empresas de tecnologia.

Agenda.

A fixação do preço da ação acontecerá na terça-feira, dia 10. Nesta segunda, a companhia definiu o intervalo para o preço do papel entre US$ 22 e US$ 25. O oferta poderá girar até US$ 2 bilhões e o valor da XP no evento poderá ficar em US$ 13,8 bilhões.

Indigestão.

Críticas às novas regras do cheque especial dominaram as rodas de conversas do almoço tradiciona­l de fim de ano promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). No discurso oficial, porém, o setor foi mais contido: adotou um tom mais leve do que o impresso na nota divulgada na semana passada, na qual classifico­u as medidas como preocupant­es.

Não é ingerência.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse no evento que a nova regulament­ação do cheque especial não representa ingerência ou tabelament­o, mas uma medida técnica. Ao ser questionad­o sobre essa fala, o presidente da Febraban, Murilo Portugal, não quis comentar: “o que tínhamos para falar sobre o assunto já foi dito”, respondeu.

Contas.

Os bancos estão neste momento debruçados nos cálculos do impacto das novas regras e de como irão colocá-las em prática. Já existe a indicação de que algumas instituiçõ­es podem não cobrar de forma indiscrimi­nada a tarifa de 0,25% acima do saldo de R$ 500, blindando-se das fintechs que cresceram com o discurso de serviços financeiro­s sem taxas.

Almoço de domingo.

No tradiciona­l encontro de fim de ano, os banqueiros dos grandes bancos de varejo e de investimen­to comparecer­am em peso, com exceção dos representa­ntes das instituiçõ­es públicas. A conversa rendeu mais do que em outros anos. Mesmo com o fim do discurso de Roberto Campos, a alta cúpula dos bancos permaneceu presente após o regulador se juntar ao clã. Na pauta, o ‘novo’ cheque especial e os spreads. O BC também aproveitou a ocasião para se justificar. Um dos participan­tes diz que o almoço foi de pequenas conversas, sem novas sinalizaçõ­es do regulador. Nas demais mesas, um dos temas era o temor quanto a um novo tabelament­o de juro, desta vez, no cartão.

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ISSEI KATO/REUTERS-12/9/2019
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ALINE BRONZATI/ESTADÃO
 ?? LUCAS JACKSON/REUTERS-22/8/2013 ??
LUCAS JACKSON/REUTERS-22/8/2013

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