Leilão de 5G cria cabo de guerra entre as teles
Odebate sobre o leilão do 5G colocou em campos opostos as empresas de telecomunicações. De um lado, as fornecedoras de equipamentos e dispositivos, como Huawei, Ericsson e Nokia, intensificaram as movimentações em Brasília para convencer a Presidência da República a agilizar a realização do leilão das faixas de frequência da tecnologia 5G. O certame estava previsto para o começo de 2020, mas continua sem data, e pode escorregar para 2021. Quem participará do leilão são as teles – como Vivo, TIM, Claro e Oi – que oferecem o sinal aos consumidores. Mas só depois do leilão começam as grandes compras de equipamentos. Daí a pressa das fornecedoras, que são empresas globais que já têm investido no desenvolvimento da infraestrutura para as novas redes.
Água no chope.
As teles, porém, não têm pressa e preferem um adiamento do leilão para ajustes no edital da disputa. Vivo e TIM já criticaram publicamente a versão preliminar do edital, que ainda está em análise na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Um dos pleitos é que o valor das outorgas não seja alto, sob o risco de inviabilizar investimentos na implantação das redes. Já a Oi, com pouco dinheiro em caixa, disse que adiar o leilão ajudaria as teles a ganhar fôlego após os desembolsos com 4G.
O tempo urge.
Mas as fornecedoras não querem saber de esperar. Especialmente a Huawei, que já foi atingida pela guerra comercial entre China e Estados Unidos. O governo brasileiro historicamente adota o discurso de neutralidade da rede, isto é, permanece aberto a todos os tipos de equipamentos, desde que sigam dos critérios técnicos exigidos. Mas há receio de que a pressão de Donald Trump possa se concretizar em barreiras para produtos chineses também por aqui.
New York, New York.
Executivos da XP Investimentos começam a embarcar para Nova York e até o próximo domingo, dia 8, o time já deve estar a postos para acompanhar a precificação da ação da companhia em sua oferta inicial de ações, que ocorrerá na Nasdaq, bolsa dos Estados Unidos na qual são negociadas empresas de tecnologia.
Agenda.
A fixação do preço da ação acontecerá na terça-feira, dia 10. Nesta segunda, a companhia definiu o intervalo para o preço do papel entre US$ 22 e US$ 25. O oferta poderá girar até US$ 2 bilhões e o valor da XP no evento poderá ficar em US$ 13,8 bilhões.
Indigestão.
Críticas às novas regras do cheque especial dominaram as rodas de conversas do almoço tradicional de fim de ano promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). No discurso oficial, porém, o setor foi mais contido: adotou um tom mais leve do que o impresso na nota divulgada na semana passada, na qual classificou as medidas como preocupantes.
Não é ingerência.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse no evento que a nova regulamentação do cheque especial não representa ingerência ou tabelamento, mas uma medida técnica. Ao ser questionado sobre essa fala, o presidente da Febraban, Murilo Portugal, não quis comentar: “o que tínhamos para falar sobre o assunto já foi dito”, respondeu.
Contas.
Os bancos estão neste momento debruçados nos cálculos do impacto das novas regras e de como irão colocá-las em prática. Já existe a indicação de que algumas instituições podem não cobrar de forma indiscriminada a tarifa de 0,25% acima do saldo de R$ 500, blindando-se das fintechs que cresceram com o discurso de serviços financeiros sem taxas.
Almoço de domingo.
No tradicional encontro de fim de ano, os banqueiros dos grandes bancos de varejo e de investimento compareceram em peso, com exceção dos representantes das instituições públicas. A conversa rendeu mais do que em outros anos. Mesmo com o fim do discurso de Roberto Campos, a alta cúpula dos bancos permaneceu presente após o regulador se juntar ao clã. Na pauta, o ‘novo’ cheque especial e os spreads. O BC também aproveitou a ocasião para se justificar. Um dos participantes diz que o almoço foi de pequenas conversas, sem novas sinalizações do regulador. Nas demais mesas, um dos temas era o temor quanto a um novo tabelamento de juro, desta vez, no cartão.