Bolsa vai ao maior nível em quase um mês; dólar recua
Apesar da ação de Trump, moeda dos EUA cai para R$ 4,21, menor nível em 10 dias e Bolsa chega a 108.927 pontos
A Bolsa de Valores de São Paulo fechou o dia de ontem com o principal indicador, o Ibovespa, em alta. Descolado do exterior, o índice teve o melhor nível em quase um mês ao subir 0,64%, para 108.927,83 pontos. A expectativa da divulgação de bons dados do PIB na manhã de hoje e as revisões para cima nas exportações brasileiras dos últimos três meses ajudaram no bom resultado do pregão.
A melhora das estatísticas ajudou o real a ter hoje um dos melhores desempenhos ante o dólar no mercado internacional de moedas, perdendo nos emergentes apenas para o rand da África do Sul. O dólar à vista fechou em baixa de 0,68%, a R$ 4,2119, menor nível em 10 dias.
Mesmo com as novas ameaças protecionistas do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre aço e alumínio produzidos por Brasil e Argentina, o setor de siderurgia esteve entre os vitoriosos da sessão de ontem da Bolsa. Os papéis da Vale, por exemplo, tiveram alta de 2,72%.
“O mercado está antecipando uma leitura positiva sobre o
PIB amanhã (hoje), considerando os indicadores antecedentes do BC. Ficamos descolados do dia ruim lá fora, e o Ibovespa pode testar novas máximas ainda esta semana, em direção aos 110 mil pontos”, diz Marco Antonio Tulli Siqueira, chefe da mesa de operações da Coinvalores.
“Mas é preciso ter cautela, esse avanço da Bolsa que vimos hoje (ontem) parece um tanto fora da curva, a julgar pelo que aconteceu lá fora”, observa André Perfeito, economista-chefe da Necton, destacando não apenas a queda dos índices americanos e europeus, mas a própria dureza dos comentários de Trump sobre o Brasil e a Argentina, tratados, na prática, como manipuladores do câmbio em benefício das respectivas exportações. No exterior, as perdas ficaram na casa de 2% em Londres, Frankfurt e Paris, e recuo em torno de 1% em Wall Street.
O economista do ING, especialista em comércio internacional, Timme Spakman, observa que a visão do presidente americano sobre a moeda brasileira e argentina está equivocada. “Em nossa visão, não são autoridades brasileiras e argentinas as responsáveis pela fraqueza das moedas, mas as forças de mercado”, avalia ele.