O Estado de S. Paulo

Aliado de Aécio vence ‘guerra de listas’ para eleger líder do PSDB

Apoiado pelo deputado mineiro, Celso Sabino (PA) venceu disputa contra Beto Pereira (MS), ligado a João Doria

- Camila Turtelli Vera Rosa / BRASÍLIA

Dividido em duas alas, o PSDB viveu, nesta semana, seus dias de PSL. Assim como ocorreu recentemen­te com o partido que elegeu o presidente Jair Bolsonaro, a disputa interna para a definição do novo líder da bancada tucana na Câmara se transformo­u em uma “guerra de listas de apoio” e expôs a queda de braço entre o governador de São Paulo, João Doria, e o deputado Aécio Neves (MG). Depois de idas e vindas, Aécio venceu Doria e conseguiu emplacar ontem o deputado Celso Sabino (PA) na liderança.

Doria apoiava Beto Pereira (MS), que chegou a ser escolhido líder do PSDB na terça-feira, em reunião na qual simpatizan­tes de Sabino não votaram, em protesto ao que classifica­ram como “manobra” para alçar um aliado do governador ao posto, antes do prazo. A lista com votos favoráveis a Pereira, no entanto, acabou invalidada porque a deputada Bruna Furlan (SP), do grupo de Aécio, alegou que sua assinatura havia sido usada sem permissão. Um racha semelhante ocorreu no PSL, que já teve três líderes em menos de dois meses.

Na disputa tucana, Pereira chegou a enviar um assessor a Campo Grande (MS), onde a deputada Tereza Nelma (MS) está internada, para que ela assinasse o requerimen­to a seu favor. Após a

Câmara anular a primeira lista, o deputado Carlos Sampaio (SP), até então líder da bancada, voltou ao cargo. Mas, quando todos esperavam que a briga continuari­am na próxima semana, o grupo de Sabino conseguiu uma vitória. Tudo porque o deputado Miguel Haddad (PSDB-SP), aliado de Pereira, teve de sair para dar a vaga na Câmara a Guilherme Mussi (PP-SP). Haddad é suplente de Mussi, que estava licenciado e retornou ontem ao mandato.

Com a volta do titular, houve nova reviravolt­a no processo eleitoral, uma vez que aliados de Sabino protocolar­am outra lista de apoio na Câmara. O deputado paraense obteve, então, o respaldo de 16 dos 31 colegas. Inconforma­do, o grupo de Pereira marcou uma reunião para a próxima terça-feira, com o objetivo de decidir os próximos passos.

“Nós queremos que o PSDB volte a ser um imã, como era no passado, para atrair o centro democrátic­o liberal”, disse Sabino ao Estado. “Nós não comungamos com os extremos de direita e de esquerda.”

Munido de um discurso sob medida para acalmar os ânimos, Sabino afirmou que vai trabalhar para que os tucanos tenham “forte presença” no plenário e nas comissões da Câmara. “Vamos tratar de pautas importante­s, como as reformas tributária e administra­tiva”, comentou. “Nossa bancada é formada por deputados talentosos.”

O confronto entre Doria e Aécio ficou marcado pela tentativa do governador paulista de expulsar o mineiro – acusado de corrupção passiva e obstrução da Justiça – das fileiras do partido. A iniciativa não teve sucesso. O partido aprovou um relatório contra a expulsão do mineiro, feito por Sabino.

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ALEXSSANDR­O LOYOLA/PSDB-24/9/2019 Tucano. Deputado Celso Sabino (PA) teve apoio de Aécio

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