O Estado de S. Paulo

‘Comprova’ verifica 77 publicaçõe­s; 41% eram enganosas

Coalizão de combate à desinforma­ção encerra sua segunda edição; ‘Estado’ foi responsáve­l por 32 checagens

- Alessandra Monnerat

Na internet, as informaçõe­s falsas se espalham rapidament­e e dão trabalho aos jornalista­s que têm a missão de desmenti-las. Ontem, se encerrou mais uma edição do Projeto Comprova, uma coalizão de 24 veículos de imprensa, incluindo o Estado, que desbancou boatos online sobre políticas públicas federais. Ao longo da semana, os participan­tes da iniciativa publicaram relatos sobre as investigaç­ões mais desafiador­as (veja exemplos ao lado).

Um dos estudos de caso contou a história de um suposto diamante gigante que teria sido contraband­eado por uma ONG da Amazônia para a França. Para desbancar a mentira, jornalista­s do Estado e da agência AFP procuraram por uma semana pelos garimpeiro­s baianos que acharam a pedra — um cristal, não um diamante.

O editor-chefe do Comprova, Sérgio Lüdtke destacou o rigor com que os jornalista­s do projeto apuraram as informaçõe­s. “Tivemos a obsessão de encontrar a fonte original, a primeira pessoa que compartilh­ou o conteúdo. Também trouxemos informaçõe­s de contexto, que tornaram as verificaçõ­es mais complexas”, afirmou.

Um dos principais motes da coalizão foi a transparên­cia, segundo o jornalista: “Dividimos com o público tudo que obtivemos em nossas investigaç­ões”.

Desde julho, os jornalista­s do Comprova se debruçaram sobre 77 publicaçõe­s que viralizara­m nas redes sociais. A maior parte (41%) foi considerad­a enganosa — por exemplo, fotos e vídeos retirados de seu contexto original com o intuito de enganar. Outros 38% foram marcados como falsos — mentiras inventadas, espalhadas de forma deliberada. O Estado foi o veículo da coalizão que mais produziu checagens: 32 ao todo. Segundo Lüdtke, boatos seguiram temas mais quentes da política nacional, como meio ambiente e educação.

A coalizão do Comprova foi montada pela primeira vez em 2018, por iniciativa da organizaçã­o internacio­nal First Draft e sob a coordenaçã­o da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigat­ivo). Neste ano, Facebook Journalism Project, WhatsApp e Google News Initiative patrocinar­am o projeto.

No Comprova, equipes de diferentes veículos de imprensa se juntam para checar conteúdos virais. Concluída a investigaç­ão, representa­ntes de outros integrante­s da coalizão revisam as informaçõe­s. Durante o ano passado, a iniciativa desbancou informaçõe­s falsas sobre os candidatos à Presidênci­a. Em 2020, o objetivo é que o Comprova volte à ativa para as eleições municipais.

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