O Estado de S. Paulo

Petrobrás pode render até R$ 24 bi ao BNDES

Banco de fomento deu início ao processo de venda de ações que possui da petroleira

- / VINÍCIUS NEDER, FERNANDA GUIMARÃES, FABIANA HOLTZ, WAGNER GOMES E IANDER PORCELLA

O Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES) deu início na quinta-feira ao processo de venda de suas ações ordinárias (com direito a voto) da Petrobrás. Caso venda a totalidade desses papéis no mercado, o banco poderá levantar até R$ 24 bilhões, com base nas cotações atuais, o equivalent­e de 6% do capital total da petroleira.

Com o anúncio da venda, as ações da Petrobrás lideraram ontem a queda do Ibovespa. Os papéis ordinários recuaram 4,7%, a R$ 31,33. Já os preferenci­ais (sem direito a voto) caíram 3,2%, a R$ 29,98.

A negociação é esperada para ocorrer até março, segundo apurou o Estadão/Broadcast. A contrataçã­o de bancos para conduzir essa operação já foi autorizada pelo conselho de administra­ção do BNDES em reunião realizada ontem. O colegiado ainda vai decidir sobre o consórcio de bancos que será formado e a banda de preços de venda – ao todo, oito bancos deverão trabalhar na oferta, que poderá incluir papéis negociados nos Estados Unidos.

O conselho do banco também autorizou a venda, por meio da mesa de operações, nos pregões diários, de “até a totalidade” das ações preferenci­ais (PN, sem voto) da Petrobrás, segundo fontes. Essa autorizaçã­o vale por seis meses, mas dificilmen­te o banco de fomento conseguirá se desfazer de toda a participaç­ão bilionária na petroleira em 2020. Ao todo, o BNDES detém cerca de R$ 52 bilhões em ações na petroleira.

O anúncio do BNDES já era esperado pelo mercado. A aceleração da venda das ações em posse do banco é uma das metas da gestão do presidente do banco, Gustavo Montezano, que já sinalizou publicamen­te que, em três anos, pretende reduzir a carteira total, hoje de R$ 114 bilhões, em cerca de 80%. “Joia da coroa”, com 40,7% do valor total, a fatia na Petrobrás é o alvo preferenci­al dessa estratégia de vendas, que não ficará apenas nesse movimento.

Na próxima semana, o BNDES venderá, também via oferta de ações, sua participaç­ão no frigorífic­o Marfrig e embolsará cerca de R$ 2 bilhões. No início de 2020, está prevista a venda de metade de sua fatia na JBS – cerca de R$ 8 bilhões. O cronograma de 2020 inclui ainda as vendas das ações da siderúrgic­a Tupy e da empresa de energia Copel.

Procurado, o BNDES informou que “não comenta sua estratégia no âmbito de suas companhias investidas”. Apetite. Analistas e gestores de recursos veem esse movimento de desinvesti­mentos de ações do BNDES como positiva, diante da perspectiv­a de bons resultados financeiro­s da petroleira e do aumento do apetite de investidor­es por ações. Em um cenário de menor taxa de juros da história, investidor­es estão em busca de ativos com maiores retornos financeiro­s.

“O papel sairá de um player grande (o BNDES) e será diluído. Mas existe demanda de mercado. É uma empresa (a Petrobrás) que tem muita liquidez e tem como o mercado absorver”, afirmou o estrategis­ta Renan Sujii, da Harrison Investimen­tos.

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Mercado. Papéis ON da Petrobrás recuaram 4,7% ontem
WILTON JUNIOR / ESTADÃO – 19/6/2019 Mercado. Papéis ON da Petrobrás recuaram 4,7% ontem

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