O Estado de S. Paulo

À espera da mãe de todas as batalhas

Cinema. Estreia, no dia 19, ‘A Ascensão Skywalker’; nono filme da série sai 42 anos após primeiro

- Luiz Carlos Merten Mariane Morisawa /

Membros do Conselho Jedi, fã-clube do Star Wars fundado há 20 anos, se reúnem numa hamburguer­ia em São Paulo. Anunciado como o fim da saga, Star Wars Episódio IX – A Ascensão Skywalker estreia quinta-feira nos cinemas cercado de expectativ­a. ‘Fizemos tudo para correspond­er’, disse o diretor J.J. Abrams.

J.J. Abrams sabe da grande responsabi­lidade. Como diretor, ele veio a São Paulo no fim de semana passado para falar, na CCXP, de Star Wars Episódio IX – A Ascensão Skywalker, que estreia na quinta-feira, 19. Serão em torno de 2 mil salas, talvez mais. O mercado rende-se ao fenômeno. Fãs pelo mundo – e no Brasil, claro – já se preparam para uma das principais estreias do ano.

O fim da saga, a batalha das batalhas. Discípulo de Steven Spielberg, seu mentor, hoje amigo, JJ sorri, sentado diante do repórter do Estado num hotel de luxo dos Jardins, mas admite estar ansioso. “É muita expectativ­a dos fãs. É um universo mítico, grande demais, e seria uma pena desperdiça­r toda essa energia. Fizemos de tudo para correspond­er.” E o que o público pode esperar? O repórter arrisca: intimismo e escala, grandiosid­ade? Afinal, são marcas registrada­s do autor de Lost (na TV) e de Missão Impossível 3 e Episódio VII no cinema. “Com certeza, você pode estar certo de que sim. Trabalhamo­s muito para isso.”

Lá atrás, quando fez Star Wars, o primeiro – lançado no Brasil como Guerra nas Estrelas, ainda no final dos anos 1970 –, George Lucas desenvolvi­a o que parecia um discurso insano. Dizia que era o primeiro filme de uma trilogia, e que essa trilogia seria intermediá­ria num projeto de três trilogias e nove filmes. Alguns críticos o tomaram por maluco brincando de sabres de luz e guerras estelares. Poucos perceberam, de cara, a revolução que ele estava fazendo. O homem foi um visionário.

Para contar sua saga monumental, Lucas precisou desenvolve­r os efeitos num grau que parecia inimagináv­el em 1977. Fundou a Light and Magic, recolheuse à função de produtor e contou, com ajuda de outros diretores, a construção do herói, Luke Skywalker, em O Império ContraAtac­a (direção de Irvin Kershnmer) e O Retorno de Jedi (de Richard Marquand). Depois, a saga hibernou, e se passaram 16 anos até que o próprio Lucas, de novo diretor, fizesse Episódio I – A Ameaça Fantasma, seguido de A Guerra dos Clones e A Vingança dos Sith, narrando a construção do vilão e de como Anakin Skywalker foi seduzido pelo lado sombrio da Força, convertend­ose no sinistro Darth Vader.

Cansado diante da possibilid­ade de encarar mais uma trilogia, Lucas vendeu os direitos, e a Disney assumiu o encargo de prosseguir com a história da galáxia ‘far, far away’. JJ, chamado para reformular a saga, iniciou a história de Rey, Finn e Poe, e agora fecha o ciclo. No anterior, Os Últimos Jedi, o velho Luke conseguiu segurar o ataque de Kylo Ren e seus Cavaleiros de Ren aos remanescen­tes da resistênci­a. Teremos, desta vez, a mãe das batalhas, e ela será excitante, o fecho grandioso de Episódio IX.

Um corte no tempo, algumas semanas atrás. JJ está em Los Angeles e participa de uma coletiva sobre A Ascensão Skywalker. Quando ele começa a falar, as luzes apagam-se, por causa de uma falha técnica. Ele brinca: “Oi, Carrie”. Diz que é o espírito da intérprete da Princesa Leia, a atriz Carrie Fisher, que morreu em 2016. “Não havia possibilid­ade de continuar a história sem Leia.” A solução foi usar material inicialmen­te descartado da atriz no filme anterior.

Ainda em Los Angeles, o roteirista Chris Terrio disse que JJ estava tão obcecado em resolver o problema causado pela morte da atriz que o roteiro começou justamente por ela. “Os primeiros meses foram para resolver o impasse de como incluí-la no filme. A partir dos diálogos e das imagens que tínhamos, criamos todo o restante.” Antes de Terrio, Colin Trevorrow chegou a trabalhar um tempo nesse roteiro, mas foi dispensado – “Nem li o que ele escreveu, para dizer a verdade”, conta Terrio. Segundo ele, JJ o incentivou a buscar a emoção das cenas. Sementes plantadas por Rian Johnson no filme anterior foram abandonada­s. “O fato de os personagen­s terem se afastado no final daquela história foi ótimo para a nossa”, reflete.

Uma sugestão de homossexua­lidade entre Poe e Finn, os personagen­s de Oscar Isaac e John Boyega, não foi adiante. “Mas fiz questão de que a comunidade LGBT se sentisse representa­da”, disse JJ, em São Paulo. Como? “Você terá de ver”, ele desconvers­a.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO
 ?? DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO ?? Expectativ­a. A ‘santa ceia’ dos membros do fã-clube Conselho Jedi, em SP
DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO Expectativ­a. A ‘santa ceia’ dos membros do fã-clube Conselho Jedi, em SP
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DISNEY/BUENA VISTA Confronto final. Novo filme traz o aguardado duelo entre Kylo Ren e Rey: quem vencerá?

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