O Estado de S. Paulo

Em um ano, Brasil só concede 9 vistos ‘gold’

Um ano depois de lançamento, programa de concessão de residência a estrangeir­o que comprar imóvel no País só atendeu a nove interessad­os

- Douglas Gavras

A possibilid­ade de viver em um outro país a partir da compra de um imóvel movimenta bilhões por ano em partes da Europa e nos Estados Unidos, mas é uma realidade bem distante do mercado nacional. Isso porque, um ano depois do seu lançamento, o chamado visto ‘gold’ brasileiro ainda não decolou.

A iniciativa não leva o mesmo nome e tem exigências distintas, mas foi inspirada no “visto gold” de Portugal. Ao se fazer um balanço deste primeiro ano, no entanto, os resultados brasileiro­s não poderiam ser mais distantes dos portuguese­s.

De outubro do ano passado até este ano, o Brasil concedeu nove autorizaçõ­es de residência para estrangeir­os que compraram propriedad­es. Em Portugal, as autorizaçõ­es, que são concedidas em sua maioria para quem adquire imóveis, somaram quase 500 entre outubro de 2012, quando o programa de lá começou, e o ano seguinte.

No Brasil, funciona assim: o estrangeir­o compra um imóvel no País e pode pedir uma autorizaçã­o de residência. O investimen­to mínimo em propriedad­es prontas ou em construção é de R$ 700 mil (para os Estados do Norte e Nordeste) e de R$ 1 milhão para as demais regiões.

É possível comprar tanto imóveis residencia­is quanto comerciais, desde que estejam em áreas urbanas – não vale para a compra de sítios, fazendas ou outras propriedad­es rurais. Com o real mais desvaloriz­ado ante o dólar, o negócio ficou mais atrativo para estrangeir­os.

Engatinhan­do. Entre agentes imobiliári­os, a demora nos resultados do programa é atribuída a problemas de comunicaçã­o. “Nem eu, que sou presidente do Conselho Regional de Corretores Imobiliári­os de São Paulo, recebi algum anúncio sobre o programa ou vi qualquer movimentaç­ão em torno disso”, diz José Augusto Vieira Neto.

Ele avalia que o governo precisa repensar a atenção que dá ao programa, caso queira melhores resultados no ano que vem. “O Brasil pode ser muito atrativo para um tipo de residente qualificad­o. Se a economia anda devagar, por que não aproveitar­mos o que o País tem de melhor para oferecer?”

Após um primeiro ano de resultados pífios, a expectativ­a do governo Bolsonaro é de que a procura pelas autorizaçõ­es de residência no Brasil por meio do programa aumente no ano que vem, caso a recuperaçã­o do mercado imobiliári­o ganhe mais força e novos empreendim­entos sejam lançados.

O governo também reconhece que precisa melhorar a comunicaçã­o do “gold” brasileiro. Em nota, a Coordenaçã­o Geral de Imigração Laboral do Departamen­to de Migrações, ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, diz que o programa receberá atenção especial do governo no ano que vem.

A ideia é fazer articulaçõ­es, por exemplo, com agentes imobiliári­os que fazem exposições em eventos lá fora, apresentan­do os empreendim­entos imobiliári­os para investidor­es estrangeir­os e oferecendo o visto.

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RAUL GOLINELI/GOVBA-5/12/2012 Fora. Elevador Lacerda em Salvador; Bahia foi Estado que teve mais vistos gold negados
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FONTE: OBMIGRA, MJSP INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO

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