O Estado de S. Paulo

Musa de Jean-Luc Godard, ícone da Nouvelle Vague morre em Paris.

Atriz trabalhou com outros grandes cineastas, também dirigiu. E sobre a vida com Jean-Luc, admitia: “Ele era complicado”

- Luiz Carlos Merten

Conta a lenda que Jean-Luc Godard, ao iniciar a produção de Uma Mulher É Uma Mulher, publicou um anúncio dizendo que procurava uma atriz que também o satisfizes­se como amante. Anna Karina, em entrevista ao Estado, negou que fosse verdade, mas, pelo sim, pelo não, a colaboraçã­o artística virou casamento e eles viveram juntos por vários anos, fazendo vários filmes juntos. Anna Karina! Musa de Godard, ícone da Nouvelle Vague. Neste sábado, 14, ela morreu de câncer, num hospital parisiense. Tinha 79 anos. Segundo seu agente, “era uma artista livre, única.”

Seu nome era Hanna Karin Blarke Bayer e ela nasceu em 22 de setembro de 1940, em Solberg, na Dinamarca. Modelo, em

Paris, transformo­u-se em atriz por sortilégio do gênio de Godard. Na trilha de Une Femme Est Une Femme, de 1961, vieram Viver a Vida, O Pequeno Soldado, Alphaville, Bando à Parte, O Demônio das Onze Horas/Pierrot le Fou e Made in USA, mais o episódio de O Amor Através dos Séculos, ou Le Plus Vieux Métier du Monde.

A mais velha profissão do mundo ela exerceu para Godard como a Naná de Viver a Vida. A prostituta que não tinha consciênci­a da própria miséria e chorava no cinema, assistindo a O Martírio de Joana D’Arc, de Carl Theodor Dreyer. Em Uma Mulher É Uma Mulher, é Angelá, que quer ter um filho, mas seu amante, JeanClaude Brialy, rejeita a ideia. Entra em cena Jean-Paul Belmondo, que deseja Angelá e satisfaz sua vontade. Em Pierrot le Fou, é Marianne, que embarca numa jornada de transgress­ão com Pierrot/Belmondo.

Sete vezes e meia Godard, mas Anna Karina também fez história quando A Religiosa, que Jacques Rivette adaptou de Diderot, foi proibido na França. Escândalo! Filmou também com Valerio Zurlini (Mulheres no Front), Luchino Visconti (O Estrangeir­o ), George Cukor (Justine) e Rainer Werner Fassbinder (Roleta Chinesa). Serge Gainsbourg dedicou-lhe um musical, Anna. E ela dirigiu Vivre Ensemble, em 1973. Sobre viver com Godard dizia que foi complicado. “Ele saía para comprar cigarros e sumia por semanas.”

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WILSON PEDROSA/ESTADÃO - 13/7/12 No Brasil. Foi homenagead­a no Festival de Brasília

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