O Estado de S. Paulo

PF cita filho de Lula em indiciamen­to

Relatório aponta suspeita de que contratos do Instituto Lula com empresa de Fábio Luís foram superfatur­ados

- / PAULO ROBERTO NETTO, RICARDO BRANDT, PEDRO PRATA e FAUSTO MACEDO

A Polícia Federal suspeita que os contratos firmados pelo Instituto Lula com a empresa G4 Entretenim­ento e Tecnologia Digital, de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, apresentam “indícios de superfatur­amento”, mas destaca que não é possível afirmar que existe irregulari­dade sem a “realização de perícia pormenoriz­ada”.

A informação consta no relatório de 130 páginas da PF que indicia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pela suspeita de recebiment­o de propinas de R$ 4 milhões em forma de doações da empreiteir­a Odebrecht ao instituto.

Além de Lula, foram indiciados o ex-ministro Antonio Palocci, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e o empresário Marcelo Odebrecht. Lulinha não foi alvo de indiciamen­to neste inquérito.

Conforme a PF, foi identifica­da uma minuta de contrato entre o Instituto Lula e a G4 estimado em R$ 1,3 milhão entre 2012 e 2014 para prestação de serviços técnicos especializ­ados, como a gestão de acervo público audiovisua­l, coleta de discursos e entrevista­s. Outro ponto destacado pela PF é o fato de todos os contatos em nome da G4 terem sido feitos pelo sócio da GKR Assessoria e Consultori­a em Informátic­a, que prestava serviços para a empresa de Lulinha. Segundo o relatório, “esse quadro, aliado a outras constataçõ­es, apontaria, portanto, que a G4 poderia ter funcionado como uma intermediá­ria financeira na prestação de serviços contratada­s pelo Instituto Lula.”

O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente, afirmou que o “indiciamen­to do ex-presidente Lula não faz nenhum sentido e que as doações ao Instituto Lula foram formais, de origem identifica­da e sem qualquer contrapart­ida”. A defesa de Lulinha não havia se manifestad­o até a conclusão desta edição.

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