O Estado de S. Paulo

Preço do DPVAT fica 68% menor para carros e custará R$ 5,23

Bolsonaro havia extinto taxa, mas STF decidiu reativar a tarifa no dia 19, por entender ser preciso lei para tal mudança

- Denise Luna / RIO

Após ser extinto e recriado em oito dias, o seguro por danos pessoais causados por veículos automotore­s de via terrestre, o DPVAT, teve sua reestrutur­ação aprovada pelo Conselho Nacional de Seguros Privados e terá o seu monopólio quebrado. Antes, irá consumir todo o excedente do fundo: R$ 5,8 bilhões.

O DPVAT, cobrado em cota única no pagamento do Imposto sobre a Propriedad­e de Veículos Automotore­s (IPVA) será de R$ 5,23 para carros (68% menos do que neste ano), R$ 10,57 para ônibus e micro-ônibus com frete, R$ 5,78 para caminhões e R$ 12,30 para motos (85% menor). A taxa vai vigorar pelos próximos quatro anos.

O objetivo é zerar os valores excedentes à necessidad­e de cobertura de acidentes no ano, estimada em R$ 3,4 bilhões. Se não fosse utilizado o excedente do fundo, o DPVAT em 2020 seria de R$ 23.

O presidente Jair Bolsonaro extinguiu o DPVAT no dia 11 de dezembro, mas decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) reativou a tarifa no último dia 19. O entendimen­to da Corte foi de que seria necessária lei complement­ar para extinguir a taxa – Bolsonaro havia usado uma medida provisória.

Monopólio. Hoje, só a seguradora Líder tem autorizaçã­o para cobrar a taxa, o que vai mudar a partir de 2021, segundo a superinten­dente da Susep, Solange Vieira. Até agosto, ela entrega o estudo para a quebra do monopólio ao Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP).

Segundo Solange, o excedente do fundo será consumido em três anos. “A corrupção fez com que o cálculo atuarial do fundo tivesse erros e por isso subiu o valor.” Para ela, a quebra do monopólio será fundamenta­l para evitar novas fraudes. Em 2015, houve operação da Polícia Federal contra fraudes no fundo.

“O monopólio, por definição, tende a não ser eficiente. Agora o consumidor poderá escolher em qual seguradora vai pagar o DPVAT”, diz ela. Em novembro, o Estado mostrou que a decisão de acabar com o DPVAT atingia os negócios de Luciano Bivar, que comanda o PSL e é desafeto de Bolsonaro.

Reação. A Seguradora Líder, que administra o DPVAT, informou que ainda não foi notificada da redução no valor do seguro. A empresa negou que mantenha o monopólio da cobrança da

taxa, como afirmou Solange. “O seguro é operaciona­lizado por um consórcio de 73 seguradora­s, entre 118 em atividade no Brasil, aberto a todas as seguradora­s de vida, previdênci­a e seguros gerais que tenham interesse em participar das operações do seguro, figurando a Seguradora Líder apenas como administra­dora”, afirmou a Líder, em nota.

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ALEX SILVA/ESTADÃO Redução. Nova taxa será cobrada nos próximos 4 anos

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