O Estado de S. Paulo

Prisão disciplina­r de PMs e bombeiros é extinta

Aprovada pelo Senado neste mês, lei foi sancionada ontem por Bolsonaro. Medida divide opinião de especialis­tas

- Felipe Resk Sandra Manfrini / BRASÍLIA

O presidente Jair Bolsonaro sancionou ontem a Lei 13.967, que extingue prisão disciplina­r para policiais e bombeiros militares. Aprovada pelo Senado neste mês, a medida divide opiniões.

Publicada no Diário Oficial da

União, a sanção muda o Decreto-Lei 667, de 1969, da ditadura militar. Entre as mudanças, o texto proíbe “medida privativa e restritiva de liberdade” para processos administra­tivos disciplina­res das corporaçõe­s.

“As Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares serão regidos por Código de Ética e Disciplina”, diz o texto. Estados e o DF terão 12 meses para regulament­ar as mudanças e implementa­r o Conselho de Ética e Disciplina Militares, por lei.

Com origem na Câmara, o projeto de lei é de 2014 e tem autoria dos deputados Subtenente Gonzaga

(PDT-MG) e Jorginho Mello (PL-SC), hoje senador. Em nota, o Planalto diz que a mudança está de acordo com o “devido processo legal” e “respeito aos direitos humanos”.

Ex-comandante-geral da PM de São Paulo, o coronel Benedito Roberto Meira afirma que a prisão administra­tiva é uma medida excepciona­l, mas importante para evitar a atuação de “maus policiais”. “Acabar com isso é ruim para a instituiçã­o, para hierarquia e para disciplina.”

Vice-presidente da comissão de Direito Militar da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, a advogada Flávia Artilheiro discorda. “É um avanço no tratamento digno do policial, que não estará mais sujeito a ficar preso por uma bota suja ou corte de cabelo fora do padrão.”

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