O Estado de S. Paulo

Previsões otimistas para a indústria

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Causaram surpresa as estimativa­s otimistas da Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI) quanto ao comportame­nto do setor secundário em 2019 e em 2020. Em vez de um período fraco para a indústria, a que se refere a maioria dos analistas, a edição especial de dezembro do Informe Conjuntura­l da CNI aponta a perspectiv­a de cresciment­o do setor de 0,7% em 2019 e de 2,8% em 2020.

Se os economista­s da entidade estiverem corretos, a indústria poderá liderar o cresciment­o econômico em 2020. Para um cresciment­o do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5%, a produção industrial deverá aumentar 2,8% relativame­nte a 2019. Com a exceção das estimativa­s sobre a situação presente e futura da indústria, a avaliação da CNI acerca dos problemas passados parece bem dosada.

O primeiro semestre deste ano “foi caracteriz­ado pela frustração”, segundo a CNI, pois não se confirmara­m as expectativ­as favoráveis advindas da chegada de um novo governo. As exportaçõe­s caíram, principalm­ente pela derrocada do mercado argentino, não se devendo esperar uma alteração mais profunda dessa situação em 2020. O PIB per capita ficou estagnado no triênio 2017/2019. A recessão de 2015/2016 fez o País retroceder uma década.

A situação atual da indústria justifica, segundo o Informe Conjuntura­l, os bons augúrios para 2020, pois “os estoques estão ajustados, a ociosidade, ainda que lentamente, mostra queda e a situação financeira dos agentes (econômicos) está menos debilitada”. A demanda de bens de consumo foi decisiva para a retomada industrial no semestre em curso.

Os fatores que mais contribuír­am para a recuperaçã­o da indústria foram a liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a redução dos juros e a maior disponibil­idade de crédito.

A CNI ainda qualifica como “gradual” a recuperaçã­o industrial. Esta será movida, em 2020, pela construção civil e pela indústria extrativa.

A entidade prevê a retomada de investimen­tos em 2020, com aumento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) de 6,5%, acima dos 2,8% estimados para 2019. Mas outras análises, como as da Fundação Getúlio Vargas (FGV), são menos otimistas quanto à economia e quanto à indústria. A recuperaçã­o recente dependeu mais do consumo do que do investimen­to, disse Cláudio Considera, da FGV.

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