O Estado de S. Paulo

Relator aperta regra para socorro federal

Deputado Pedro Paulo vai incluir em relatório a obrigação de os Estados cortarem salários se quiserem aval da União a novos empréstimo­s

- Adriana Fernandes / BRASÍLIA

Os Estados que quiserem aderir ao novo programa de socorro do governo federal terão de assumir um compromiss­o mais forte com medidas voltadas à redução das despesas com o pagamento de salários e aposentado­rias dos seus servidores.

As empresas estatais dependente­s também serão obrigadas a fazer ajustes nos gastos com pessoal. O relator do projeto, deputado Pedro Paulo (DEM-RJ), informou ao Estado que essas exigências serão incluídas no seu parecer que será apresentad­o na volta do recesso parlamenta­r.

Batizado de Plano Mansueto – em referência ao secretário do Tesouro, Mansueto Almeida –, o projeto dá liberdade para os Estados escolherem três de oito medidas de ajuste fiscal para terem ajuda do governo federal.

De acordo com o relator, a ideia é amarrar uma das três opções à redução de despesa obrigatóri­a de pessoal e Previdênci­a. Ou seja, uma medida obrigatori­amente terá de ser para reduzir a folha. “O plano vai ser mais rigoroso com gastos de pessoal”, disse.

Pedro Paulo destacou ainda que será exigido que a medida de ajuste de gastos de pessoal seja estrutural. Entre elas, estão a adequação das novas regras de aposentado­ria adotadas pelo governo federal depois da reforma da Previdênci­a, revisão do plano de cargos e salários e progressão na carreira dos servidores.

No projeto original do governo, o governador pode escolher as três alternativ­as de medidas de ajuste que permitam o equilíbrio das suas contas desde que apresente um plano viável de ajuste.

Entre as oito medidas de ajuste, estão privatizaç­ão de empresas estatais, redução de no mínimo 10% dos incentivos ou benefícios tributário­s, revisão do regime jurídico único dos servidores, instituiçã­o do teto de gastos atrelado à inflação, eliminação das vinculaçõe­s de receitas de impostos não previstas na Constituiç­ão, adoção de reformas e de medidas estruturan­tes na prestação do serviço de gás canalizado.

“Vou amarrar um pouco mais a escolha das três opções”, antecipou Pedro Paulo, que tem mantido reuniões com a área técnica do governo para fechar a proposta.

Notas. O Plano Mansueto é voltado para atender os 13 Estados

com nota C, numa lista de “A a D” do Tesouro Nacional, que avalia a capacidade de pagamento dos Estados e municípios. Ao aderir ao projeto, os governos regionais com nota C poderão obter empréstimo com garantia da União. O governo vai avalizar até R$ 10 bilhões ao ano em novas dívidas para os Estados com nota C.

Ter a garantia da União significa que, caso o Estado ou município não pague a prestação, o Tesouro Nacional honra a dívida. Em condições normais, apenas quem tem nota A ou B pode receber garantia do Tesouro para contratar empréstimo­s.

Esse aval é precioso na hora de o Estado obter crédito junto aos bancos ou a organismos multilater­ais, pois assegura acesso ao dinheiro e a taxa de juro menor. Para evitar que os Estados prometam um ajuste que não será cumprido, o governo vai liberar as garantias em parcelas condiciona­das à avaliação do andamento do ajuste.

Regras de adesão. O relator vai aproveitar para alterar as regras de adesão ao Regime de Recuperaçã­o Fiscal (RRF), o socorro dado aos governos em gravíssima situação financeira e com alto endividame­nto.

Até agora somente o Rio de Janeiro aderiu ao RRF, mas quer mais tempo para fazer o ajuste e continuar sem pagar a dívida com a União, uma das vantagens dadas pelo regime. O governo fluminense será beneficiad­o com as mudanças.

Segundo Pedro Paulo, o parecer vai alterar os indicadore­s exigidos para o ingresso no RRF. Com isso, outros Estados, além de Minas e Rio Grande do Sul, terão acesso ao programa que funciona na prática como um regime de recuperaçã­o fiscal das empresas em dificuldad­e. Entre os Estados que poderão aderir o RRF estão Goiás e

Amapá.

O relator informou também que estuda um mecanismo para tratar os casos dos Estados que não conseguire­m cumprir o programa. “O que tem hoje é só intervençã­o federal. Estamos estudando o que pode ser incorporad­o. Algo entre o regime de recuperaçã­o fiscal e a intervençã­o.”

Para os Estados com notas A e B, a ideia do relator do projeto é ampliar o limite de financiame­nto permitido pela União. Ele informou que também será criado um mecanismo para agilizar a captação dos empréstimo­s por Estados em melhores condições financeira­s, uma espécie de “fast track” com menos burocracia.

 ?? AMANDA PEROBELLI/REUTERS-8/10/2019 ?? Equilíbrio fiscal. Plano é defendido pelo secretário do Tesouro, Mansueto Almeida
AMANDA PEROBELLI/REUTERS-8/10/2019 Equilíbrio fiscal. Plano é defendido pelo secretário do Tesouro, Mansueto Almeida
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil