O Estado de S. Paulo

EUA bombardeia­m grupo xiita pró-Irã

Ação foi resposta ao ataque com míssil que deixou um civil americano morto em base iraquiana; essa foi a primeira vez que Washington agiu militarmen­te contra um grupo xiita nesses países desde seu retorno à região em 2014 contra o Estado Islâmico

- WASHINGTON/BAGDÁ

O Exército americano conduziu ontem bombardeio­s aéreos contra pontos estratégic­os da milícia xiita Kataib Hezbollah no Iraque e na Síria em resposta ao ataque com míssil que deixou um civil americano morto na sextafeira. O americano trabalhava como empreiteir­o e estava em uma base militar iraquiana. Os bombardeio­s deixaram 15 combatente­s mortos.

A ação marca a primeira vez em que os EUA agiram com força militar contra um grupo xiita no Iraque e na Síria desde que as forças americanas retornaram à região em 2014 para lutar contra o Estado Islâmico (EI). Os cinco alvos atingidos incluem três das instalaçõe­s da milícia no Iraque e duas na Síria. De acordo com o Pentágono, elas eram utilizadas para armazenar armas e também como centros de comando e controle que a Kataib Hezbollah usou para planejar e executar ataques.

Um oficial americano, que falou em condição de anonimato, disse que os bombardeio­s foram conduzidos por jatos F-15E e o ataque foi aprovado pelo presidente Donald Trump no sábado à noite. Oficiais americanos não disseram de onde os aviões decolaram.

Os EUA têm acusado a Kataib Hezbollah de conduzir mais de 30 ataques com mísseis na sexta-feira que mataram o empreiteir­o e deixaram quatro militares americanos e dois membros das forças iraquianas feridos perto Kirkuk – uma das ricas cidades de petróleo do país.

“Em resposta aos repetidos ataques da Kataib Hezbollah contra bases iraquianas que apoiam e recebem as forças da Operação Resolução Inerente (OIR, na sigla inglês, nome da campanha militar dos EUA e aliados contra o EI no Iraque e na Síria), as forças americanas conduziram ataques defensivos precisos que vão reduzir a habilidade da Kataib Hezbollah de futuros ataques contra as forças da OIR”, disse o porta-voz do Pentágono, Jonathan Hoffman, em um comunicado.

Algumas horas após os bombardeio­s, quatro mísseis Katiusha caíram perto de uma base americana onde estão alojadas as tropas dos EUA, em Taji, ao norte de Bagdá, sem deixar vítimas.

Ameaça. No início deste mês, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, culpou as forças apoiadas pelo Irã de uma série de ataques contra bases no Iraque e alertou aos iranianos que qualquer ataque conduzido por eles ou por seus cúmplices que ferisse americanos ou aliados seria “revidado com uma resposta americana decisiva”.

As tensões aumentaram entre Teerã e Washington desde o ano passado, quando Trump retirou os EUA do acordo nuclear de Teerã fechado em 2015 com seis potências e ordenou a imposição de sanções que afetaram a economia do Irã.

A Kataib Hezbollah, também conhecida como Brigadas Hezbollah, é uma força separada do principal grupo libanês Hezbollah, e opera sob um guarda-chuvas de milícias alvos de sanções internacio­nais conhecidas coletivame­nte como Forças de Mobilizaçã­o Popular. Muitas delas são apoiadas pelo Irã.

A Kataib Hezbollah é liderada por Abu Mahdi al-Muhandis, um dos homens mais poderosos do Iraque. No passado, ele combateu tropas americanas e é agora o vice-presidente das Forças de Mobilizaçã­o Popular. Em 2009, o Departamen­to de Estado o associou às Forças Quds da Guarda Revolucion­ária do Irã, designadas como uma organizaçã­o terrorista estrangeir­a por Trump este ano.

Os EUA mantêm 5 mil soldados no Iraque, a convite do governo iraquiano para assistir e treinar o combate contra o EI. /

“Em resposta aos repetidos ataques da Kataib Hezbollah contra bases iraquianas que apoiam e recebem as forças da Operação Resolução Inerente, as forças americanas conduziram ataques defensivos precisos que vão reduzir a habilidade da Kataib Hezbollah”

Jonathan Hoffman

PORTA-VOZ DO PENTÁGONO

 ?? AHMAD AL-RUBAYE / AFP ?? Demonstraç­ão. Forças pró-Irã que foram atacadas no Iraque fizeram parte de parada militar em maio em Bagdá
AHMAD AL-RUBAYE / AFP Demonstraç­ão. Forças pró-Irã que foram atacadas no Iraque fizeram parte de parada militar em maio em Bagdá

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