O Estado de S. Paulo

Novo decreto presidenci­al acaba com cargos efetivos

-

Além das funções comissiona­das, um novo decreto do presidente Jair Bolsonaro extinguiu na semana passada 20 mil cargos efetivos (que exigem a abertura de concurso público) de 68 tipos. Os cargos são da área técnico-administra­tiva e quase metade estava desocupado, segundo as instituiçõ­es de ensino porque esperavam o Ministério da Economia liberar a realização de concursos públicos.

Em nota, o Ministério da Economia diz que as vagas ocupadas só serão extinguida­s quando os servidores se aposentare­m. No caso das que estavam ociosas, o concurso fica vedado, mas o governo informa que as atribuiçõe­s desses cargos podem ser “exercidas por outros meios como a descentral­ização para outros entes da federação ou com a contrataçã­o indireta de serviços”. E diz que o novo corte focou em cargos de “atividades de apoio”.

Dirigentes das universida­des, no entanto, relatam que muitos dos cargos tinham atribuiçõe­s que afetam diretament­e as atividades de ensino e pesquisa. As instituiçõ­es dizem

não ter recursos para todos os serviços que podem ser afetados com o corte dos cargos.

O corte de tradutor/intérprete de Linguagem de Sinais, por exemplo, pode trazer prejuízos em decorrênci­a da medida. Hoje, pela legislação vigente, as universida­des são obrigadas a ter esse profission­al para auxiliar em sala de aula alunos com deficiênci­a auditiva.

O Instituto Federal de São Paulo (IFSP), com 40 mil alunos atualmente, tinha duas vagas para tradutor, uma delas ocupada. Neste ano, a instituiçã­o tinha dois alunos, em turmas e períodos diferentes, com deficiênci­a auditiva. Se antes esperavam a liberação do concurso, agora sabem que a vaga não será preenchida.

“Vamos pensar em alternativ­as, mas o que estávamos fazendo até agora era improvisar. Nós pedimos aos professore­s para que escrevam mais na lousa, falem olhando para esses estudantes ou procurem outras formas de comunicaçã­o. Mas sabemos que não deveria ser assim, esses estudantes têm direitos que não estão sendo atendidos”, diz Luiz Claudio Lima, diretor do câmpus São Paulo do instituto.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil