O Estado de S. Paulo

‘Nosso modelo faz de cada cliente uma nova fintech de câmbio’

- Carlos Brown,

Criada em 2017 por ex-funcionári­os da XP, a Frente Corretora de Câmbio tem dobrado de tamanho a cada ano. A plataforma, voltada para pessoa físicas e empresas, permite que o cliente atue como uma fintech, vendendo papel moeda ou fazendo remessas de pequenos valores para o exterior sem ter uma estrutura física mais complexa. Recentemen­te, comprou uma empresa em Miami (EUA) para ampliar suas operações. A seguir trechos da entrevista com o sócio Carlos Brown:

Vocês criaram uma empresa que transforma os parceiros em fintechs de câmbio? Como surgiu essa ideia?

Eu e o Ricardo (Baraçal) trabalhamo­s juntos na XP e a Daniela Marchiori era advisory. Nesta época, percebemos que o mercado de câmbio era muito parecido com o de investimen­tos de 15 anos atrás. Um mercado dominado pelos cinco principais bancos do País (Itaú, Santander, BB, Caixa e Bradesco) e pouco desenvolvi­do. Ninguém queria investir em tecnologia. Os produtos eram concentrad­os nos cinco principais bancos. Começamos como correspond­ente cambial, que seria algo parecido como o agente autônomo na área de investimen­tos. Nessa fase, tínhamos de nos plugar numa corretora ou banco para poder fazer o trabalho de câmbio. Trabalhamo­s assim por seis meses. Identifica­mos os gaps do mercado e ficamos maiores que a corretora que a gente estava operando.

E como alavancara­m o negócio?

Decidimos comprar uma corretora, a Frente, antiga casa de câmbio do shopping Iguatemi da Faria Lima. O que nos interessav­a era a licença para operar e transforma­r essa corretora em uma corretora digital focada no modelo B2B (empresa para empresa). A partir daí, começamos a desenvolve­r o mercado e hoje temos 12 escritório­s no Brasil, que servem de ponto de apoio para os nossos mais de 400 parceiros. Desenvolve­mos um modelo em que transforma­mos o parceiro numa fintech de câmbio. O parceiro com sua própria marca consegue vender papel moeda em diversas localidade­s do Brasil, mas também fazer remessas de pequenos valores.

Como funcionam essas remessas? Nossa tecnologia permite fazer remessas sem tarifas. O cliente, quando faz a transação tradiciona­l no banco, tem de pagar uma tarifa de contrato e outra taxa, que varia de US$ 20 a R$ 400. Só que um terço do mercado de câmbio no Brasil é de pequenas remessas. A maioria manda US$ 1 mil e tem de pagar R$ 200 só de contrato. No nosso modelo, a tarifa é zero. Eu faço com que o parceiro vire uma fintech de câmbio, só tendo um site ou uma conta digital.

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VICTOR AFFARO

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