O Estado de S. Paulo

Bolsonaro diz que não decidiu sobre benefício

- Mateus Vargas / BRASÍLIA / COLABORARA­M EDUARDO RODRIGUES e FABRÍCIO DE CASTRO

O presidente Jair Bolsonaro disse ontem que não decidiu sobre a concessão de subsídio para a conta de luz de igrejas. “Estou apanhando e não decidi nada ainda”, afirmou ele em frente ao Palácio da Alvorada.

“Eu não sei por que essa gana de dar pancada em mim o tempo todo. Eu assinei o decreto? Então por que essa pancada?”, continuou o presidente. Questionad­o se pretende assinar a concessão do subsídio, afirmou que vai decidir “na hora certa”, aos “48 do segundo tempo ou aos 54”. “Não tenho opinião para te dar”, declarou

Como mostrou o Estado na semana passada, a pedido do presidente, uma minuta de decreto para conceder benefício na conta de luz de templos religiosos foi elaborada pelo Ministério de Minas e Energia e enviada à pasta da Economia. A articulaçã­o provocou atrito no governo, já que a equipe econômica rejeita a medida.

A bancada evangélica é, atualmente, a principal base de sustentaçã­o do governo, e Bolsonaro tem atendido a suas reivindica­ções desde que assumiu a Presidênci­a. A influência de líderes evangélico­s sobre o Planalto é cada vez maior e o próprio presidente já disse que quer tê-los por perto na administra­ção.

O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, disse ontem que, apesar de haver uma “diretriz geral” de redução de benefícios fiscais, novos subsídios poderão ser criados, se forem considerad­os “meritórios” pelo governo. “Governar é definir quais prioridade­s serão dadas. Para a criação de um novo gasto tributário, é preciso haver compensaçã­o”, afirmou. Rodrigues evitou comentar sobre a proposta de subsídio para o consumo de energia elétrica por templo. “(O impacto) ainda está em análise”, declarou.

Nos bastidores, a equipe econômica se posicionou contra a concessão do que vem sendo chamado de “dízimo elétrico”, que vai contra a agenda de redução do custo da energia, insumo considerad­o fundamenta­l para a retomada do cresciment­o.

Livro. A decisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativ­a do Rio, de se ausentar em depoimento­s convocados pelo Ministério Público do Rio teria tido aval do presidente Jair Bolsonaro, segundo o livro Tormenta – O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos, da jornalista Thaís Oyama, que tem lançamento marcado para a próxima segunda-feira. Na obra, a autora afirma que Bolsonaro e o advogado Frederick Wassef atuaram para postergar o depoimento de Queiroz e levar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF). “O livro é fake news, um livro mentiroso, não vou responder”, disse Bolsonaro ontem. Procurado, Wassef não respondeu.

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