TEMPORAL FAZ SÃO PAULO VIVER DIA DE CAOS
EM 24H, CIDADE TEM MAIOR CHUVA EM 37 ANOS NO MÊS DE FEVEREIRO • ESCOLAS CANCELAM AULAS, COMÉRCIO TEM PREJUÍZO DE R$ 110 MILHÕES E EMPRESAS LIBERAM FUNCIONÁRIOS • INFRAESTRUTURA PRECÁRIA É EXPOSTA
Achuva mais volumosa registrada em 24 horas em São Paulo desde 1983 em um mês de fevereiro provocou enchentes, desabamentos, bloqueios de ruas e avenidas e prejuízos para os paulistanos. Entre a noite de domingo e a manhã de ontem, foram 114 milímetros de chuva, maior volume desde 2 de fevereiro de 1983 – quando chegou a 121,8 milímetros. Da meia-noite até 16h30, o Corpo de Bombeiros recebeu 7,6 mil chamados e as equipes se deslocaram para atender 932 ocorrências ligadas a enchentes, 166 desabamentos e 182 quedas de árvore. Os Rios Tietê e Pinheiros – que alcançou o maior nível em 15 anos – transbordaram, o que levou à interrupção do tráfego nas Marginais e ao fechamento da Linha 9 da CPTM, entre as Estações Osasco e Santo Amaro, com reflexos para o trânsito em todo o centro expandido da cidade. A Prefeitura, o governador do Estado, João Doria (PSDB) – que está fora do País –, e os bombeiros chegaram a pedir que as pessoas não saíssem de casa. Escolas públicas e particulares tiveram aulas suspensas. O caos afetou o giro da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), que fechou o dia em queda de 1,05%. Ações de seguradoras fecharam com forte desvalorização. O dólar chegou a R$ 4,32. O comércio varejista de São Paulo e da região metropolitana calcula perda de R$ 110 milhões somente ontem. A Federação das Indústrias do Estado (Fiesp) não informou estimativas de perdas. A Central de Abastecimento e Entrepostos do Estado de São Paulo (Ceagesp) ficou submersa e disse não ter como calcular os prejuízos. Áreas de instabilidade permanecem sobre o Estado e devem provocar mais chuva nos próximos dias na capital, mas em menor intensidade.
Otemporal que atingiu São Paulo na madrugada de ontem chegou a 114 milímetros, maior volume registrado para o mês desde 2 de fevereiro de 1983, quando chegou a 121,8 mm. Da meia-noite até 16h30, o Corpo de Bombeiros recebeu 7,6 mil chamados e as equipes se deslocaram para atender 932 ocorrên- cias de enchentes, 166 desabamentos e 182 quedas de árvore. Os Rios Tietê e Pinheiros (que alcançou o maior nível em 15 anos) transbordaram, o que levou à interrupção do tráfego nas Marginais e ao fechamento da Linha 9 da CPTM entre as Estações Osasco e Santo Amaro, com reflexos para o trânsito em todo o centro expan- dido. A Prefeitura, o governador do Estado, João Doria (PSDB), e os bombeiros chegaram a orientar as pessoas a não saírem de casa. Paulistanos ficaram ilhados e a situação afetou a rotina de mais de uma centena de colégios públicos e privados. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), montou um comitê de crise para tentar diminuir os estragos. “Para se ter noção, em três horas, em algumas regiões, choveu praticamente metade do esperado para todo mês. O desastre teria sido muito maior se não tivesse sido o trabalho preventivo.” Em viagem oficial aos Emirados Árabes Uni- dos, o governador ressaltou que o volume das chuvas tem aumenta- do nos últimos anos por causa de mudanças climáticas, e disse que não é possível “evitar por completo” os estragos com investimen- tos em infraestrutura. Na mesma linha foi o secretário municipal de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido. Ele alegou ainda que a precipitação estava acima de um modelo previsto para 100 anos. O presidente Jair Bolsonaro foi indagado sobre a situação na capital paulista, mas não se pronunciou até as 20 horas. Levantamento feito pelo Estado aponta que, nos últimos cinco anos, a Prefeitura deixou de gastar R$ 2,7 bilhões em obras para o controle de cheias. Já especialistas criticaram o processo de impermeabilização da metrópole e sugeriram que o momento servisse como um ponto de virada no tratamento dos rios, a exemplo do que ocorreu com as leis de segurança predial após os incêndios de Joelma e Andraus, nos anos 1970. Até quinta-feira, o sol pouco aparece e há previsão de pancadas de chuva menos volumosas. O rodízio municipal de veículos permanece suspenso hoje.