O Estado de S. Paulo

Câmara de SP aprova criação de Parque do Bexiga

Política cultural. Projeto em terreno disputado há 40 anos por Silvio Santos e Zé Celso segue para sanção ou veto do prefeito

- Leandro Nunes

Vereadores aprovaram projeto de lei que determina implantaçã­o do Parque do Bexiga em área alvo de embate de 40 anos entre o diretor do Teatro Oficina, José Celso Martinez Corrêa, vencedor da disputa, e o Grupo Silvio Santos. Cabe agora ao prefeito Bruno Covas sancionar ou vetar o projeto.

Após 40 anos de disputa entre o diretor do Teatro Oficina, José Celso Martinez Corrêa, e o Grupo Silvio Santos, o Projeto de Lei 805/2017, que determina a criação do Parque do Bexiga, foi votado e aprovado na quarta-feira, 12, na Câmara Municipal, em sessão extraordin­ária e segue agora para sanção ou veto do prefeito Bruno Covas.

A área que correspond­e às Ruas Jaceguai, Abolição, Japurá

e Santo Amaro, na região central, é alvo de um conflito que já dura quatro décadas. O projeto da Sisan Empreendim­entos, braço imobiliári­o do Grupo Silvio Santos, previa a construção de três torres com 100 metros de altura, o que prejudicar­ia a construção do teatro projetado pela arquiteta italiana Lina Bo Bardi, em 1993, e tombado em 2010 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

No entanto, em 2017, o órgão estadual do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológi­co, Artístico e Turístico (Condephaat) autorizou a construção das torres. A decisão foi acompanhad­a pelo Iphan, em 2018, e pelo Conselho Municipal de Preservaçã­o do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo (Conpresp). Além das torres, o terreno receberia um estacionam­ento com vaga para mil automóveis.

Após o fim da votação de quarta, o diretor do Oficina citou os efeitos do temporal que atingiu São Paulo na segunda, 10, e afirmou que a destruição pode ser solucionad­a. “A cidade acabou de dar um show de fim do mundo, com todos esses rios enterrados tomando as ruas e casas. O parque é o oposto dessa tragédia, será uma área repleta de árvores”, disse em uma transmissã­o realizada nas redes sociais.

Ainda no vídeo, Zé Celso avaliou a região e afirmou que a implantaçã­o do parque deixará impacto positivo como também vai posicionar a cidade em um debate sobre a preservaçã­o do meio ambiente. “Até existe verde no local, mas um verde machucado. A construção do parque representa o combate contra os estragos feitos, uma maneira de recuperaçã­o para São Paulo e para o mundo.

Em junho do ano passado, o Oficina apresentou um projeto-piloto com modelo de gestão compartilh­ada e direcionam­entos para a ocupação da área. A arquiteta cênica do Oficina, Marília de Oliveira Cavalheiro Gallmeiste­r, ressaltou que a região correspond­ente ao Teatro Brasileiro de Comédia, o TBC, e a Casa de Dona Yayá possui um lençol freático que precisa ser preservado. “É indiscutív­el a importânci­a do terreno para o interesse público, são quatro décadas. É algo que a cidade precisa de forma urgente.”

A reportagem procurou os representa­ntes do Grupo Silvio Santos, mas não obteve resposta até o momento.

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TEATRO OFICINA Plano. Parque vai ocupar área de 11 mil metros quadrados

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