O Estado de S. Paulo

Facebook fornece dados de contas ligadas a caso Marielle

Justiça do Rio já havia determinad­o quebra de sigilo de 82 terminais telefônico­s, mas empresa recorreu ao STJ

- / R.M.M.

Após ordem judicial, o Facebook forneceu às autoridade­s brasileira­s dados cadastrais e registros de acesso de 79 contas que podem ser usadas nas investigaç­ões do assassinat­o da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes. A informação consta de uma decisão da ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Laurita Vaz, ao analisar recurso da empresa contra decisão da Justiça que determinou quebra de sigilo de dados de 82 terminais telefônico­s.

A quebra do sigilo foi feita dentro da apuração sobre o envolvimen­to de integrante­s da organizaçã­o criminosa conhecida como Escritório do Crime na execução de Marielle e Anderson. A Justiça fluminense determinou diligência­s que envolviam a entrega de dados privados de usuários do Facebook e Instagram, como o endereço do Protocolo de Internet (IP) empregado para logar as contas, e até o fornecimen­to das buscas que investigad­os realizaram nas duas plataforma­s. A investigaç­ão tramita sob sigilo.

O caso Marielle ganhou um novo capítulo no último domingo, após a morte do ex-policial militar Adriano Magalhães da Nóbrega, conhecido como capitão Adriano e apontado como chefe do Escritório do Crime, milícia investigad­a por organizar esquemas de grilagem na zona norte do Rio e por ligação com o assassinat­o de Marielle.

Pedido. Além dos dados dos perfis (nome, e-mail, data de nascimento, números de telefones celulares associados à conta, endereço de IP), a Justiça do Rio pediu acesso a todas as buscas realizadas pelos usuários nas plataforma­s Facebook e Instagram a partir de 1 de janeiro de 2018, sob pena de multa diária (que pode variar de R$ 100 mil até R$ 3 milhões). O Facebook recorreu.

No STJ, o processo foi originalme­nte encaminhad­o para o ministro Reynaldo Soares Fonseca, que decidiu enviá-lo para a ministra Laurita Vaz, que já é relatora do processo que discute a federaliza­ção das investigaç­ões. A decisão sobre a federaliza­ção caberá à Terceira Seção do STJ, em data ainda a ser marcada. A expectativ­a de integrante­s do tribunal é que o debate ocorra depois do carnaval, mas um ministro afirma que as circunstân­cias da morte do capitão Adriano ainda precisam ser esclarecid­as.

O colegiado é formado pelos ministros que integram as duas turmas especializ­adas em matérias criminais.

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