O Estado de S. Paulo

AMSTERDÃ PROTEGE PROSTITUTA­S DE TURISTAS

Lei veta visitas guiadas a bairro da Luz Vermelha; prefeita analisa proibir maconha para estrangeir­os

- AMSTERDÃ REUTERS / AP e

Aprefeitur­a de Amsterdã está tomando medidas que devem levar à queda do turismo na cidade, que tem 1 milhão de habitantes e recebe 17 milhões de visitantes ao ano. Uma das iniciativa­s, anunciada ontem, é limitar das visitas guiadas à zona de prostituiç­ão, o bairro da Luz Vermelha, conhecido por ter prostituta­s seminuas em vitrines.

Outra ação foi o envio de uma carta da prefeita Femke

Halsema ao conselho municipal anunciando a intenção de reduzir o número de turistas que viajam apenas para consumir drogas, especialme­nte maconha. Na mensagem, ela anexou uma pesquisa que mostra que o turismo cairia, caso medidas restritiva­s fossem adotadas.

De acordo com o levantamen­to, feito pela agência de pesquisa e estatístic­a de Amsterdã, 34% de todos os turistas que visitam a região de Singel, parte mais antiga da cidade e onde fica o bairro da Luz Vermelha, voltariam com menos frequência se os estrangeir­os não tivessem permissão para comprar maconha nos coffee shops – 11% nunca mais voltariam a Amsterdã. Dos turistas britânicos pesquisado­s, 42% disseram que voltariam menos a Amsterdã com a proibição de comprar maconha.

Enquanto o tema é debatido pelos conselheir­os municipais, a prefeitura já aprovou a proibição das visitas guiadas ao bairro da Luz Vermelha. Halsema diz que 115 grupos passam pelo local todos os dias. O alto número de turistas incomoda os moradores e as mulheres que ganham a vida nas vitrines. A medida passará a vigorar a partir de 1.º de abril e somente grupos autorizado­s poderão percorrer as ruas da região.

As excursões licenciada­s poderão ter no máximo 15 pessoas, não devem parar em locais onde há grande fluxo de pessoas, como em pontes estreitas, em frente às casas e nas entradas de lojas e restaurant­es, principalm­ente durante o horário de funcioname­nto. Os guias que violarem as regras serão multados em 190 (R$ 896).

A prefeitura argumenta que vem recebendo com frequência reclamaçõe­s das prostituta­s, que se sentem incomodada­s com os turistas fazendo fotos sem que elas autorizem. Além disso, os visitantes atrapalham os negócios. “É uma falta de respeito tratar as trabalhado­ras sexuais como se fossem uma atração turística”, disse o vice-prefeito de Amsterdã, Victor Everhardt.

Além de lidar com ruas superlotad­as e turistas em busca de drogas, Haselma também tenta mudar a política paradoxal de tolerância da Holanda. A lei permite que coffee shops vendam maconha aos clientes no varejo, mas a produção e comércio no atacado ainda é ilegal, o que obriga os proprietár­ios a comprar droga do crime organizado. A prefeita pediu um estudo sobre novas formas de regulament­ar o mercado.

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PETER DEJONG/AP–29/3/2019 Atração. Turistas lotam ruas do bairro da Luz Vermelha e tiram fotos das prostituta­s nas vitrines sem autorizaçã­o

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