O Estado de S. Paulo

PAI E FILHO DUELAM NO SURFE EM NORONHA

Locais, Caia Souza e o herdeiro Caio participam pela primeira vez da mesma competição

- Andreza Galdeano

“Sempre estamos juntos. Quando ele entra no mar parece que eu estou surfando também.” É assim que Caia Souza, de 48 anos, define a sua relação com o filho Caio, de 22. Surfistas, eles competiram no “quintal de casa” no Oi Hang Loose Pro Contest, em Fernando de Noronha.

Caia conta que ter mais um evento na Praia da Cacimba do Padre de nível 5 mil pontos no QS (a divisão de acesso do Circuito Mundial) é sempre umas das melhores atrações do local. Desta vez ainda mais especial, já que realizou o sonho de ver o seu filho participar do mesmo campeonato. “Ele fica nervoso quando eu assobio muito para ele e fala: ‘É muito difícil ser o seu filho aqui’”, conta Caia, rindo. O surfista não esconde a emoção de ver Caio seguindo os mesmo passos no esporte.

Caio estava no palanque dos atletas, seu pai chegou para dar um beijo e desejar boa sorte. Quando ele estava pronto para entrar no mar, Caia procurou um lugar na areia para conseguir acompanhar a bateria e orientá-lo. O assobio é a principal conexão entre pai e filho.

“Sempre falo qual é a melhor onda para ele pegar e para qual lado deve ir”, explica.

Enquanto a reportagem acompanhav­a a bateria de Caio, o pai ficava apreensivo com cada nota dos juízes. “Quando você vê o seu próprio filho seguindo os seus passos, fica sem chão. Eu sou aquele torcedor que fica ainda mais nervoso”, diz Caia, que surfa desde os 9 anos e sustenta a família com a pesca e o turismo em Noronha. Ele cobra a diária de R$ 300 para alugar um buggy e R$ 3 mil pelos passeios com lancha.

Caia e Caio treinam juntos. Quando questionad­o se é muito rígido como técnico, o pai conta que as suas preocupaçõ­es não são relacionad­as ao esporte. “Eu sou um pai rigoroso para ele não fazer besteiras na vida.”

Ao terminar a sua bateria, Caio ficou na terceira colocação e foi eliminado do torneio. Demonstran­do apoio, seu pai elogiou as melhores manobras e o abraçou.

Para Caio, o pai é motivo de inspiração e orgulho. Quando Caia entra na bateria, é ele quem faz a função de assobiar e dar instruções.

O pai acabou repetindo o desempenho do filho no torneio e ficou em terceiro lugar na sua bateria. Apesar dos resultados, Caio diz que competir com o seu parceiro de vida foi uma ótima experiênci­a. “Foi muito bom participar do mesmo evento que o meu pai. Fiquei muito feliz. Essa foi a primeira vez, mas ano que vem tem mais.”

A REPÓRTER VIAJOU A FERNANDO DE NORONHA A CONVITE DA ORGANIZAÇíO DO EVENTO

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ANDREZA GALDEANO/ ESTADÃO Missão cumprida. Competir juntos era o sonho da dupla

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