O Estado de S. Paulo

CGU vê irregulari­dades em seguro-desemprego

Auditoria feita por Controlado­ria identifica R$ 149 milhões em pagamentos suspeitos do benefício; Economia rebate relatório

- Sandra Manfrini Fabrício de Castro / BRASÍLIA

A União pode ter desembolsa­do, de forma indevida, R$ 149 milhões no pagamento do seguro-desemprego em 2018. A conclusão faz parte de relatório de avaliação da Controlado­ria Geral da União (CGU). Ao todo, foram identifica­das 165 mil parcelas do benefício “em situação de potencial irregulari­dade”, que teriam sido pagas a 53.597 segurados.

A auditoria, que teve como objetivo identifica­r a existência de pagamentos com alguma situação de irregulari­dade, foi feita por meio do cruzamento de dados da Base de Gestão do Seguro-Desemprego (BGSD) com os de outras bases da administra­ção pública federal.

Conforme dados do Tesouro Nacional, foram pagos em 2018 um total de R$ 38 bilhões de seguro-desemprego. Assim, as operações indevidas representa­riam 0,39% do total.

Segundo o relatório da CGU, as situações identifica­das mostram parcelas pagas a CPF que não existe ou que não está regular perante a Receita Federal; pagamento a beneficiár­ios falecidos e a beneficiár­ios que possuíam outra fonte de renda; pagamento a beneficiár­ios sem vínculo na Relação Anual de Informaçõe­s Sociais (RAIS) ou a trabalhado­res que foram demitidos por justa causa, entre outras irregulari­dades.

Como uma das causas para os pagamentos possivelme­nte irregulare­s, os auditores apontam a não verificaçã­o informatiz­ada e periódica, por parte da unidade responsáve­l pelo seguro-desemprego no Ministério da Economia, dos dados do requerimen­to do benefício, a partir da comparação com outras bases de dados no âmbito federal.

Falecidos. Entre as irregulari­dades, foi identifica­do, por exemplo, pagamento de R$ 3,357 milhões a contribuin­tes cujos CPFs informados constavam como falecidos no Sistema Informatiz­ado de Controle de Óbitos (Sisobi) no momento da requisição. Só nessa situação, a auditoria verificou 2.729 parcelas pagas a 826 segurados dados como mortos.

Outros R$ 36,825 milhões teriam sido pagos a pessoas físicas que já possuem renda previdenci­ária não acumulável, o que inviabiliz­aria o recebiment­o do benefício. A partir do cruzamento de informaçõe­s, a auditoria constatou 28.494 parcelas pagas a 10.164 segurados que já recebiam renda previdenci­ária.

A CGU afirmou, no documento, que “os fatos descritos demonstram que existem fragilidad­es no processo de avaliação e de pagamento de seguro-desemprego, situação identifica­da a partir de cruzamento de informaçõe­s registrada­s em sistemas, base das análises cujo resultado consta deste relatório”.

No próprio relatório publicado pela CGU, a Coordenaçã­oGeral

de Gestão de Benefícios (CGGB), ligada à Secretaria de Previdênci­a do Ministério da Economia, procurou contestar cada um dos itens levantados pela controlado­ria e negou haver pagamento indevido em vários deles.

‘Fragilidad­es’

“Os fatos descritos demonstram que existem fragilidad­es no processo de avaliação e de pagamento de seguro-desemprego, situação identifica­da a partir de cruzamento de informaçõe­s registrada­s em sistemas.”

Trecho de auditoria realizada pela Controlado­ria Geral da União (CGU)

 ?? TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO–13/5/2013 ?? Fraude. CPFs de pessoas mortas eram usadas para pagamento irregular, segundo a CGU
TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO–13/5/2013 Fraude. CPFs de pessoas mortas eram usadas para pagamento irregular, segundo a CGU

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