Apesar de alta em 2019, IBGE vê perda de fôlego em serviços
Setor tem crescimento de 1% no ano passado; mas dado de dezembro recua 0,4%, na segunda queda consecutiva
O setor de serviços fechou 2019 com alta de 1%, interrompendo uma sequência de quatro anos sem crescimento. Apesar disso, os dados divulgados ontem pelo IBGE mostraram também uma perda de fôlego na reta final do ano passado. Depois de ter encolhido 0,1% em novembro, o índice apresentou retração de 0,4% em dezembro.
“(A queda) Indica algum tipo de perda de fôlego, mas a gente não sabe se essa perda de fôlego vai se intensificar em janeiro. O saldo no ano é positivo”, afirmou Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE.
No ano passado, houve melhora em quatro das cinco atividades pesquisadas. Os serviços de informação e comunicação (3,3%) exerceram o principal impacto positivo sobre a média global. Os demais avanços ocorreram no segmento de outros serviços (5,8%), serviços prestados às famílias (2,6%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (0,7%).
A única perda foi em transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-2,5%), puxados pelo mau desempenho do transporte rodoviário e ferroviário de carga. “Isso tem a ver com o momento de pouco dinamismo do setor industrial, que inclusive encerrou o ano com uma perda”, disse Lobo.
Efeito no PIB. A safra de dados econômicos em dezembro consolidou a percepção entre analistas de que a atividade perdeu tração no quarto trimestre de 2019. A expectativa era de aceleração no ritmo de crescimento da economia, impulsionada pelos saques do FGTS, pela melhora do emprego e pela expansão do crédito, ao lado dos juros baixos. A frustração sobre o impacto desses estímulos fez crescer a percepção de que o PIB de 2020 deve ficar mais próximo de 2%.
“Os dados que estamos vendo sugerem uma desaceleração na dinâmica do PIB medido pelo IBGE entre o terceiro e o quarto trimestres”, afirmou o economista-sênior do Banco ABC Brasil, Daniel Xavier.
Para o economista-chefe da AZ Quest, André Muller, o quadro nos últimos dois meses de 2019 foi de fraqueza na atividade econômica.
“Agora acredito que o principal foco é se isso vai ocorrer também ao longo do primeiro trimestre deste ano. Para o PIB de 2020 chegar a 2,5%, é preciso que o ritmo de atividade do primeiro trimestre acelere em relação ao que vimos em novembro e dezembro”, lembrou Muller.