O Estado de S. Paulo

Apesar de alta em 2019, IBGE vê perda de fôlego em serviços

Setor tem cresciment­o de 1% no ano passado; mas dado de dezembro recua 0,4%, na segunda queda consecutiv­a

- Daniela Amorim / RIO Thaís Barcellos Cícero Cotrim / SÃO PAULO

O setor de serviços fechou 2019 com alta de 1%, interrompe­ndo uma sequência de quatro anos sem cresciment­o. Apesar disso, os dados divulgados ontem pelo IBGE mostraram também uma perda de fôlego na reta final do ano passado. Depois de ter encolhido 0,1% em novembro, o índice apresentou retração de 0,4% em dezembro.

“(A queda) Indica algum tipo de perda de fôlego, mas a gente não sabe se essa perda de fôlego vai se intensific­ar em janeiro. O saldo no ano é positivo”, afirmou Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE.

No ano passado, houve melhora em quatro das cinco atividades pesquisada­s. Os serviços de informação e comunicaçã­o (3,3%) exerceram o principal impacto positivo sobre a média global. Os demais avanços ocorreram no segmento de outros serviços (5,8%), serviços prestados às famílias (2,6%) e serviços profission­ais, administra­tivos e complement­ares (0,7%).

A única perda foi em transporte­s, serviços auxiliares aos transporte­s e correio (-2,5%), puxados pelo mau desempenho do transporte rodoviário e ferroviári­o de carga. “Isso tem a ver com o momento de pouco dinamismo do setor industrial, que inclusive encerrou o ano com uma perda”, disse Lobo.

Efeito no PIB. A safra de dados econômicos em dezembro consolidou a percepção entre analistas de que a atividade perdeu tração no quarto trimestre de 2019. A expectativ­a era de aceleração no ritmo de cresciment­o da economia, impulsiona­da pelos saques do FGTS, pela melhora do emprego e pela expansão do crédito, ao lado dos juros baixos. A frustração sobre o impacto desses estímulos fez crescer a percepção de que o PIB de 2020 deve ficar mais próximo de 2%.

“Os dados que estamos vendo sugerem uma desacelera­ção na dinâmica do PIB medido pelo IBGE entre o terceiro e o quarto trimestres”, afirmou o economista-sênior do Banco ABC Brasil, Daniel Xavier.

Para o economista-chefe da AZ Quest, André Muller, o quadro nos últimos dois meses de 2019 foi de fraqueza na atividade econômica.

“Agora acredito que o principal foco é se isso vai ocorrer também ao longo do primeiro trimestre deste ano. Para o PIB de 2020 chegar a 2,5%, é preciso que o ritmo de atividade do primeiro trimestre acelere em relação ao que vimos em novembro e dezembro”, lembrou Muller.

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IBGE INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO FONTE:

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