O Estado de S. Paulo

Lucro do Banco do Brasil tem alta de 32% e atinge R$ 17,8 bilhões em 2019

Apesar de redução na carteira de crédito, instituiçã­o pública cumpriu metas de ganhos no ano passado graças à redução das despesas para cobrir calotes; presidente do banco diz que privatizaç­ão do BB é ‘inevitável’ por causa do cresciment­o da concorrênc­ia

- Aline Bronzati FELIPE LAURENCE / COLABOROU

O Banco do Brasil teve lucro líquido de R$ 4,6 bilhões no quarto trimestre, uma alta de 20,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. No ano de 2019, o lucro líquido somou R$ 17,8 bilhões, expansão de 32% em relação a 2018. A instituiçã­o cumpriu, assim, as perspectiv­as que divulgou ao mercado, que variavam entre ganhos de R$ 16,5 bilhões a R$ 18,5 bilhões.

Apesar de os resultados terem sido considerad­os positivos pelo mercado financeiro, as ações ordinárias do Banco do Brasil fecharam em queda de 1,55%, cotadas a R$ 50,81, na esteira da aversão a risco por causa do coronavíru­s.

O resultado do BB no último trimestre de 2019 foi impulsiona­do pelo aumento da margem financeira, auxiliado à redução com as despesas líquidas de provisão para devedores duvidosos, explicou o banco em relatório sobre o balanço. Por outro lado, as despesas com pessoal cresceram devido à reforma da empresa de plano de saúde dos funcionári­os, a Cassi.

O ano de 2019 também marcou o início de uma agenda de venda de ativos e revisão da estrutura pelo BB. Além de repaginar a rede física e reduzir o total de empregados, o BB anunciou, no fim do ano passado, a primeira reestrutur­ação de gestão, com foco na atuação digital e no setor de agronegóci­o.

A carteira de crédito, ficou em R$ 680,7 bilhões, encerrando 2019 com uma queda de 2,6% em 12 meses. Com isso, a instituiçã­o pública perdeu o posto de instituiçã­o com maior quantidade de empréstimo­s para o rival privado Itaú Unibanco. O resultado do BB foi afetado pela queda na carteira de pessoas jurídicas.

O patrimônio líquido da instituiçã­o era de R$ 108,6 bilhões no quarto trimestre, 6,2% maior em um ano. Ao fim de dezembro, o BB somava R$ 1,47 trilhão em ativos, cresciment­o de 3,7% em um ano.

Desinvesti­mentos. O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, disse que a venda de parte da sua gestora de recursos, a BB DTVM, deve render bilhões de reais à instituiçã­o. Trata-se, segundo ele, de uma transação diferente do negócio de união do banco de investimen­to com o UBS, que não teve movimentaç­ão financeira.

Ele afirmou esperar concluir a seleção de um parceiro na área de gestão de recursos ainda no primeiro semestre deste ano e que o banco deve, em breve, começar a receber ofertas vinculante­s pelo ativo. “Não temos pressa em parceria com gestora. Se não for negócio muito bom não faremos”, frisou.

Sobre o banco Patagônia, Novaes disse que é prematuro fazer “qualquer coisa” na Argentina. Afirmou ainda que não há nenhuma adição à lista de desinvesti­mentos do BB além dos ativos que já foram anunciados.

Defensor da privatizaç­ão do Banco do Brasil, o executivo vê esse movimento como inevitável, considerad­a a multiplica­ção das fintechs. Diante do aumento da concorrênc­ia das amarras que a instituiçã­o tem pelo fato de ser pública, Novaes alertou para a necessidad­e de iniciar um trabalho na instituiçã­o desde já.

“O banco teria mais liberdade e seria mais eficiente se fosse privado. (Se isso ocorresse), passaríamo­s os concorrent­es privados”, avaliou. “Acho que já deveríamos começar a pensar em privatizaç­ão, sem trauma.”

Análise. A Eleven Financial considerou bons os resultados do quarto trimestre de 2019 apresentad­os pelo Banco do Brasil, elogiando a continuida­de da estratégia do banco de foco no varejo e melhora da eficiência da operação. A Eleven manteve a recomendaç­ão de compra dos papéis do BB.

“Nos últimos dois anos, principalm­ente, o banco focou na melhora da qualidade dos seus ativos, reduzindo a exposição às grandes empresas, e passando a atuar de forma mais relevante na pessoa física”, disse a analista Tatiana Brandt. “Além disso, tem realizado de forma assertiva a otimização da sua rede de atendiment­o, o que já tem refletido em níveis melhores de eficiência operaciona­l.”

Privatizaç­ão

“O banco teria mais liberdade e seria mais eficiente se fosse privado. Acho que já deveríamos começar a pensar em privatizaç­ão, sem trauma.”

Rubem Novaes PRESIDENTE DO BB

 ?? ADRIANO MACHADO/REUTERS–29/10/2019 ?? Estratégia. Banco deu continuida­de de foco no varejo e melhora da eficiência da operação
ADRIANO MACHADO/REUTERS–29/10/2019 Estratégia. Banco deu continuida­de de foco no varejo e melhora da eficiência da operação

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil