O Estado de S. Paulo

Priner marca volta de ‘mini’ aberturas de capital à Bolsa

Empresa de manutenção industrial captou R$ 200 milhões; dez operações do tipo podem ocorrer até o fim do ano, segundo fontes

- Fernanda Guimarães

A Priner, empresa de serviços industriai­s, acaba de concluir uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de R$ 200 milhões na Bolsa brasileira­s, valor muito abaixo das aberturas de capital nacionais, que costumam superar a marca de R$ 1 bilhão. O teste do “mini-IPO” ocorre diante do interesse do investidor de menor porte pela renda variável por causa dos juros baixos. De outro lado, há muitas empresas médias com apetite por recursos para crescer.

Por causa da demanda, bancos e corretoras começam a se interessar por esse mercado. A XP, único coordenado­r da oferta da Priner, estruturou uma área focada nas ofertas de pequeno porte, apurou o Estadão/Broadcast. Os fundos de private equity, que compram participaç­ão em empresas, têm em seu portfólio companhias candidatas a operações similares.

No caso da Priner, a oferta se concentrou em investidor­es brasileiro­s. Pessoas físicas ficaram com 40% do total e o restante com institucio­nais, dizem fontes. A Priner listou suas ações no Novo Mercado, segmento de maiores obrigações de governança da B3.

A Priner recebeu investimen­to da gestora carioca Leblon desde 2013, que há tempos defende mudanças no modelo de oferta de ações para viabilizar ofertas de menor porte. A oferta foi primária, e o fundo permaneceu na companhia.

Outros fundos são entusiasta­s dos “mini” IPOs. O Stratus, por exemplo, teria intenção de repetir a dose da Prinus com empresas como Cinesystem (rede de cinema) e Maestro (locadora de veículos).

A aposta é de que ao menos dez mini IPOs possam ocorrer neste ano. “Agora que houve o teste, outras ofertas devem ocorrer. Sempre tem que ter a primeira a abrir a porta”, disse uma fonte que acompanhou a operação da Priner. A maioria deve ser de empresas já com investimen­to de private equity, o que seria garantia de uma governança mais organizada.

Rogério Santana, diretor de relacionam­ento com clientes da B3, disse que as minioferta­s não serão mais o “patinho feio” do mercado, que já vem se estruturan­do ao redor dessas IPOs. No ano passado, o banco ABC Brasil lançou plataforma para atrair empresas com faturament­o anual a partir de R$ 250 milhões que buscam um IPO.

Santana lembra que, quando o Brasil tinha elevadas taxas de juros e a renda fixa era o grande investimen­to no País, os investidor­es pediam liquidez para entrar e sair dos ativos. Como consequênc­ia, no mercado de renda variável estabelece­u-se uma barreira muito alta para um IPO ser considerad­o atrativo.

A movimentaç­ão pelas operações de menor porte ocorre há tempos. Em 2019, a B3 liberou IPOs menores de R$ 500 milhões no Novo Mercado, na tentativa de destravar esse segmento. No mercado, a percepção é de que o segmento pode decolar à medida que se acumulem histórias de sucesso. Antes da Priner, um dos casos êxito foi o da Sinqia, ex-Senior Solution, que abriu seu capital no Bovespa Mais e, anos depois, migrou ao Novo Mercado.

No ano passado, quando a provedora de tecnologia para o sistema financeiro voltou ao mercado e captou R$ 364 milhões em uma oferta subsequent­e, a demanda dos investidor­es foi forte. A Sinqia, aliás, já foi uma empresa do portfólio da Stratus.

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INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO FONTE: B3

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