O Estado de S. Paulo

‘Carrie’ inicia maratona pela obra de De Palma

Televisão. Nesta sexta, 14, vão ser apresentad­os, no Telecine Cult, alguns dos grandes filmes do diretor americano

- Luiz Carlos Merten

Para compensar o público de Brian De Palma, que há tempos não vê nada novo do diretor – mas ele concluiu no ano passado Domino, com Nikolaj CosterWald­au, e planeja um novo filme sobre Harvey Weinstein –, o Telecine Cult programou para esta sexta, 14, uma maratona com alguns de seus grandes filmes. Começa às 18h15 com Carrie, a Estranha, a versão com Sissy Spacek, prossegue com

Vestida para Matar, às 20h05, e

Os Intocáveis, às 22h, devendo terminar à 0h15 com o primeiro

Missão Impossível da série estrelada por Tom Cruise.

Desde que se iniciou, ainda nos anos 1960, De Palma foi durante muito tempo considerad­o apenas um discípulo aplicado de Hitchcock. Violência voyeurismo, terror, tudo parecia vir do mestre do suspense, em linha direta de dois filmes cults – Janela Indiscreta e Psicose. Com o tempo, ele passou a revelar a própria identidade – sua autoria. Como cinéfilo de carteirinh­a, alimentou-se também de Eisenstein, a célebre cena da escadaria de O Encouraçad­o Potemkin, reproduzid­a em Os Intocáveis, e do universo asséptico de Kubrick em 2001 – Uma Odisseia no Espaço na cena do laboratóri­o de Missão Impossível.

O virtuosism­o técnico sempre foi uma marca, o erotismo, outra. Justamente a voltagem erótica do cinema de De Palma está colocada a serviço de um tema – a mulher é sempre vítima preferenci­al no mundo que ele gosta de filmar. Retalhada em Vestida para Matar e Dublê de Corpo, estuprada em Pecados de Guerra, sobre a Guerra do Vietnã, etc. A questão do gênero está no centro de seu cinema, e não por acaso, no obsessivo A Síndrome de Caim, o personagem de John Lithgow, à maneira de Norman Bates, traveste-se como mulher para matar.

O passeio desta sexta pela obra de De Palma começa com a Carrie de Stephen King. Reprimida pela mãe, sofrendo bullying na escola, a garota descobre poderes cinestésic­os que usa para se vingar. Transforma­da em rainha do ‘prom’, o baile de formatura, só para ser humilhada, ela provoca destruição e morte. E a coisa não termina – há um último twist, uma reviravolt­a final, na derradeira cena.

Vestida para Matar tem as belas cenas do museu e o brutal assassinat­o no elevador. Quem está matando, e por quê? A chave é psicanalít­ica. Angie Dickinson, Michael Caine, a trilha de Pino Donaggio, tudo é notável. Os Intocáveis é sobre o combate do policial Elliott Ness/Kevin Costner e seus amigos ao crime em Chicago, representa­do pelo Al Capone de Robert De Niro. Dessa vez, a trilha é de Ennio Morricone, reproduzin­do os acordes da série famosa de TV. O primeiro Ethan Hunt a gente não esquece. Depois que aquela missão dá errado em Praga, Cruise tenta descobrir o que se passou – e salvaguard­ar o grupo. De novo, a trilha é sensaciona­l, a cargo de Lalo Schifrin.

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RED BANK FILMS Sissy Spacek. ‘Carrie, a Estranha’ começa às 18h15

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