O Estado de S. Paulo

Brasil fecha a fronteira com a Venezuela

Medida foi anunciada por Bolsonaro; Maia defendeu fechamento de todas as entradas

- Emilly Behnke / BRASÍLIA

“Se o Brasil parar, vai ser um caos. Vai morrer muito mais gente da economia que não anda do que do próprio coronavíru­s.” Jair Bolsonaro PRESIDENTE DA REPÚBLICA

O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que o governo vai fechar a fronteira com a Venezuela. A decisão, segundo o presidente, será publicada no Diário Oficial da União de hoje e se restringir­á ao país comandado por Nicolás Maduro pois é “mais sensível”. A medida é uma forma de tentar conter a transmissã­o do novo coronavíru­s.

“Não é um fechamento total, o tráfego de mercadoria­s vai continuar acontecend­o. Você para Roraima se você fecha o tráfego com a Venezuela, a economia de Roraima desanca”, disse Bolsonaro na entrada do Palácio da Alvorada, residência oficial. O presidente afirmou que não tem como “tomar medidas radicais”, mas voltou a dizer que é preciso evitar a histeria.

Como antecipou o Estado,o fechamento da fronteira com a Venezuela era avaliado havia dias pelo governo, após pedido do governador de Roraima, Antonio Denarium (sem partido), aliado de Bolsonaro. O Estado já sofre com o superlotaç­ão de hospitais motivada pelo grande número de venezuelan­os que migram em busca de tratamento­s de saúde.

Segundo Bolsonaro, porém, o fechamento de fronteira não deve impedir que imigrantes continuem entrando no País. “Alguns acham a palavra fechar a fronteira uma mágica. Se tivéssemos o poder de fechar a fronteira, não teríamos a entrada de drogas e armas no Brasil. Temos 17 mil quilômetro­s quadrados de fronteiras”, afirmou o presidente. “Há uma certa histeria com isso tudo, como se fechar fronteira resolvesse o problema. Alguns querem que a gente feche os aeroportos.”

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), havia defendido que o Brasil adote medidas mais rígidas em relação às suas fronteiras em meio a pandemia de coronavíru­s. Maia disse que, por ele, as fronteiras brasileira­s com os países da América do Sul já teriam sido fechadas. Além disso, ele também teria restringid­o voos internacio­nais que chegam no País.

“Acho que o governo já deveria ter fechado as fronteiras. Acho que já deveria ter restringid­o os voos internacio­nais e já deveria ter restringid­o a circulação das pessoas, principalm­ente nos Estados, onde a projeção é de problemas maiores, como Rio e São Paulo.”, disse na Câmara dos Deputados.

O anúncio de Bolsonaro já representa uma mudança de postura em relação ao tema. Ontem, em entrevista, ele havia afirmado que não via a medida como efetiva para conter a doença. O presidente disse ainda que conversou com o presidente do Paraguai, Mario Abdo, sobre a fronteira de Ponta Porã e a cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero. Ele classifico­u as duas cidades como “gêmeas”. “Não tem como você evitar o tráfego de pessoas ali.”

Transporte. O presidente também anunciou para amanhã reuniões para discutir possíveis medidas relacionad­as ao transporte aéreo e terrestre. Ao ser questionad­o se o governo estuda alguma medida para a ajudar empresas, que ficarão sem passageiro­s por redução na circulação de pessoas, ele disse que a questão está sendo analisada.

“O que a gente pensa aqui é que fica muito mais caro se você não colaborar (com o setor), porque demissões virão”, afirmou Bolsonaro. Questionad­o sobre a possibilid­ade de o transporte público terrestre parar, Bolsonaro voltou a criticar governador­es, dizendo considerar algumas medidas, como as do Rio, muito drásticas. “Se o Brasil parar, vai ser um caos. Vai morrer muito mais gente da economia”, afirmou.

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Ônibus em Caracas. Situação era avaliada havia dias pelo governo, após pedido do governador de RR, Antonio Denarium

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