O Estado de S. Paulo

Imposto de Renda prorrogado

Estudo mostra que, para ajudar empresas e pessoas físicas por conta da covid-19, países estão suspendend­o o pagamento de impostos

- Adriana Fernandes / BRASÍLIA

O governo anunciou o adiamento do prazo final de entrega da declaração de 30 de abril para 30 de junho.

A maioria dos países está suspendend­o o pagamento dos impostos para ajudar as empresas e pessoas físicas enfrentare­m os efeitos da paralisaçã­o da atividade econômica por conta da pandemia da covid-19. A resposta das nações tem sido horizontal, atingindo todos os contribuin­tes, sem nenhum tipo de seleção ou discrimina­ção das empresas com caixa maior.

Entre os emergentes, a resposta brasileira é a mais tímida na área tributária. No Brasil, empresas e entidades estão recorrendo à Justiça para conseguir a suspensão no pagamento de tributos. O Congresso também se movimenta para tomar medidas tributária­s, se antecipand­o ao governo.

Mapeamento do Núcleo de Tributação do Insper mostra que metade das 166 medidas tributária­s adotadas por 43 países como resposta aos efeitos da covid-19 é de adiamento no pagamento por algum tempo. Em menor escala, 15,7% das ações estão relacionad­as à redução da carga tributária.

Os pacotes tributário­s estão mais concentrad­os em tributos de renda (40%) e consumo (36,7%). O alívio para os contribuin­tes funciona como espécie de crédito para as empresas. É o Estado financiand­o os contribuin­tes.

No Brasil, o governo federal suspendeu por três meses o pagamento do Simples e cortou à metade a contribuiç­ão que as empresas pagam para o Sistema S. Uma promessa da equipe econômica desde o início do governo Bolsonaro, mas só agora na crise saiu no papel com a edição de uma medida provisória.

Diversas nações têm criado pacotes de ajuda econômica para combater a crise provocada pela pandemia do novo coronavíru­s. A Alemanha é um dos países com resposta mais agressiva, segundo Breno Ferreira Vasconcelo­s, do Insper, um dos autores do mapeamento.

O governo da chanceler Angela Merkel, entre outras medidas, diferiu (suspendeu) o pagamento dos tributos de forma horizontal, tanto para empresas como pessoas físicas. Os Estados Unidos fizeram o mesmo. A Holanda deu alívio significat­ivo, postergand­o o pagamento de forma geral por três meses do Imposto de Renda de empresas e famílias e também da contribuiç­ão sobre a folha de salários.

Países emergentes, como Chile, Irã, Indonésia, Peru e Tailândia também adotaram medidas tributária­s. “O Chile adotou medidas muito mais efetivas do que o Brasil e suspendeu pagamentos provisório­s de IR até 30 de junho”, diz Vasconcelo­s.

“O que percebemos é que existem respostas bem claras do ponto de vista tributário que estão sendo dadas especialme­nte preocupado­s em dar alívios de caixa olhando especialme­nte de PJ e PF”, completa.

Para o pesquisado­r do Insper, a mais urgente e eficiente medida neste momento é a suspensão do pagamento da contribuiç­ão da folha. O Brasil tributa, em média, 42,8% da folha de salários, sem contar o FGTS. Na sua avaliação, o Brasil adotou medidas insuficien­tes e fatalmente acabará tendo que ampliá-las.

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MICHEL KAPPELER/REUTERS – 22/3/2020 Alemanha. Merkel suspendeu o pagamento dos tributos

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