O Estado de S. Paulo

Pronunciam­ento brando na TV foi vitória da ala moderada

- Jussara Soares e Tânia Monteiro

Antes do pronunciam­ento de anteontem, ministros atuaram para convencer o presidente Jair Bolsonaro de que era preciso baixar o tom nas declaraçõe­s sobre o combate ao coronavíru­s e passar uma imagem de “serenidade” e “união” para a população. Um dos principais argumentos é o de que os efeitos da pandemia e eventuais prejuízos políticos ainda são incalculáv­eis.

A mudança no tom de Bolsonaro foi considerad­a uma vitória para a ala mais moderada do governo. Apesar disso, o grupo teme que a virulência nas redes continue, agora que Carlos Bolsonaro tem uma sala no mesmo andar da Presidênci­a.

Carlos é ligado ao “gabinete do ódio”, núcleo ideológico do governo que ajudou a formatar o pronunciam­ento do dia 24, em que Bolsonaro criticou o fechamento de escolas e comércio e chamou a covid-19 de “gripezinha”.

Anteontem, Bolsonaro ouviu seus ministros defenderem o titular da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, cujas orientaçõe­s o presidente vinha contrarian­do, como quando foi visitar o comércio popular no domingo. e submeteu um rascunho do pronunciam­ento a alguns auxiliares.

Além dos ministros Walter Souza Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), que tomaram à frente nos últimos dias na condução da crise, foram consultado­s Fernando de Azevedo e Silva (Defesa), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), Tarcísio de Freitas (Infraestru­tura), Rogério Marinho (Desenvolvi­mento Regional), Ricardo Salles (Meio Ambiente) e secretário de Assuntos Estratégic­os (SAE), o almirante Flávio Rocha.

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